Tríptico na modernidade
22 de fevereiro de 2009No Museu de Arte de Stuttgart, está em cartaz a exposição Drei. Das Triptychon in der Moderne (Três. O tríptico na arte moderna), reunindo 60 obras modernas que se dividem em quadros, colagens e videoinstalações. Típico do fim da Idade Média, o tríptico ressurgiu no final do século 19 e influenciou artistas como Otto Dix, Francis Bacon e o contemporâneo Damien Hirst.
O meio é o ponto de referência. Os quadros da direita e da esquerda, a continuação. O tríptico é um conjunto de três pinturas que, juntas, sugerem uma única imagem. Considerado uma arte cristã ocidental, a história do tríptico se estendeu desde a Idade Média, tendo como tema principal a devoção religiosa. Porem, do estilo medieval, o formato é a única característica da qual a exposição mais se aproxima. As pinturas devocionais não preenchem mais as telas e a assimetria dos quadros ganhou outras proporções. Além disso, as imagens não mais se completam e, sim, se complementam, sugerindo cada parte, também, interpretação individual.
Ao longo de dois anos, a diretora e curadora do museu, Marion Ackermann, selecionou os 48 artistas da exposição. As duas obras mais antigas são ainda do final do século 19, produzidas pelos pintores alemães Fritz von Uhdes, Die heillge Nach (1888/89), e Gotthard Kuehl, Im Lübecker Waisenhaus (1896). Ambos faziam uma nova interpretação da história da salvação cristã e uma critica social à passagem do século.
Temas complexos do século 20 predominam nas composições. Através do pintor Otto Dix, com as obras Grossstadt (1927/28) e Krieg (1929-1932), a guerra e a fugacidade surgem como pauta e permanecem como fundo para artistas como Markus Lüpertz, com o tríptico Schwarz-Rot-Gold I-II-III (1974), e Will Sitte, com Höllensturz in Vietnam (1966/67). Sobre a emblemática da existência humana, destaca-se Max Beckmann com as obras Beginning (1946) e The Argonauts (1949-1950), e Francis Bacon, com os trípticos Three studies of male back (1970) e Three studies of George Dyer (1969).
Objeto, cor e forma se harmonizam e composições abstratas também utilizam o formato tríptico. Em Triptychon (1918), a suíça Sophie Taeuber-Arp traça em três telas uma superfície geométrica rítmica. Outros artistas seguem a mesma concepção, como Adolf Fleischmann, o francês Yves Klein e o nova-iorquino Ellsworth Kellz.
Em cartaz desde 07 de fevereiro último, a mostra Três. poderá ser visitada até o dia 14 de junho próximo. Para quem aprecia a arte moderna, uma visita à exposição é também uma oportunidade para conhecer o acervo do Museu de Arte de Stuttgart, inaugurado em março de 2005.