Extrema direita cresce e ameaça reeleição de Netanyahu
10 de janeiro de 2013Quem acompanha a campanha eleitoral em Israel sabe que principalmente os partidos de tendência nacionalista e religiosa deverão ter sucesso, conforme as últimas sondagens. O objetivo, ao que parece, é ser sempre um pouco mais radical do que a concorrência. Recentemente, os israelenses começaram a falar abertamente algo que até agora era considerado um tabu: que a solução de dois Estados está morta.
Moshe Feiglin, radical de ultradireita do partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, propõe pagar até meio milhão de dólares a qualquer palestino que deixe a Cisjordânia voluntariamente. "Esta é a solução perfeita para nós", defende.
Yair Shamir, candidato do partido nacionalista Israel Beiteinu (Israel é Nossa Casa), aconselha todos a "olharem bem para o mapa", acrescentando que "está claro que não há mais espaço para outro Estado". Os ultraortodoxos do partido Shas temem que Netanyahu possa, após se reeleger, formar uma coalizão com os partidos de centro-esquerda, o que colocaria "valores religiosos em perigo".
Totalmente contra
Também há o partido Bayit Yehudi ("Lar Judaico"), liderado pelo multimilionário Naftali Bennett, de 40 anos. Comandante da reserva de uma unidade de elite do Exército israelense, ele tem discurso carismático, que é bem recebido principalmente entre os jovens de direita. De acordo com as sondagens, ele conseguiu sair em poucas semanas do zero para 18 possíveis cadeiras no Knesset, o Parlamento de Israel. Ele não deve conseguir derrubar Netanyahu, mas tem dificultado o trabalho da atual aliança de governo entre o Likud e o partido Israel Beiteinu. Netanyahu e Avigdor Lieberman, ministro do Exterior que renunciou por acusações de fraude, já perderam 10 assentos.
Filho de imigrantes americanos, Bennett foi presidente da associação de colonos na Cisjordânia e rejeita estritamente a solução de dois Estados. Ele argumenta que o passado mostrou que "negociações são inúteis" e diz que Israel deve "finalmente resolver seus problemas internos".
O Supremo Tribunal, em Jerusalém, tem ordenado repetidas vezes o despejo de assentamentos ilegais. Por isso, a proposta de Bennett é que o governo escolha os juízes daquele tribunal, o que preocupou os intelectuais israelenses. Uri Averny, autor e fundador da iniciativa de paz Gush Shalom teme que o Judiciário perca sua independência.
Mensagens conflitantes
Enquanto isso, representantes dos partidos de centro-esquerda confundem seus potenciais eleitores com declarações conflitantes sobre possíveis coalizões e sobre a participação ou não em um governo sob a liderança de Netanyahu. O Partido Trabalhista tinha rejeitado categoricamente a opção há alguns dias, mas até isso pode mudar. De acordo com pesquisas de intenção de voto, o partido deve obter cerca de 15 assentos.
Tzipi Livni, ex-ministra do Exterior, deve conseguir cerca de cinco a onze cadeiras com seu recém-formado partido Movimento. Mas recentemente ela tem mantido seu sucesso em segundo plano, afirmando que "o mais importante é votar em um partido de centro-esquerda", seja ele qual for.
Cerca de três semanas antes da eleição, 31% dos eleitores ainda estão indecisos e não sabem para qual dos 34 partidos devem dar seu voto. Muitos estão simplesmente decepcionados, como é o caso da estudante de química Rona Aviram, de Tel Aviv. "São todos egoístas, que fazem falsas promessas." Ela afirma que votará em 22 janeiro no partido de esquerda Meretz. Liderado por Zahava Gal-On, é um dos poucos partidos políticos a favor do fim da ocupação e pela paz. O prognóstico para a legenda é conseguir eleger cinco representantes.
Autora: Ulrike Schleicher (md)
Revisão: Francis França