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Faltam oportunidades para analfabetos funcionais

lk2 de setembro de 2004

Analfabetismo não é um problema apenas de países em desenvolvimento. Na Alemanha, 6,3% dos adultos não dominam ou têm apenas conhecimentos precários de leitura e escrita.

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"Ando sem passagem pelas conduções públicas porque não consigo entender o que está escrito nas máquinas que vendem os bilhetes." O depoimento, citado por Jürgen Genuneit, da diretoria da Associação Alfabetização, é apenas um dos exemplos das dificuldades pelas quais passam num país desenvolvido como a Alemanha as pessoas que não sabem ler e escrever ou mal dominam essas habilidades.

Seu número é calculado em cerca de 4 milhões, ou 6,3% dos adultos que vivem no país. De 3% a 4% da população é composta de analfabetos primários, ou seja, pessoas que nunca aprenderam direito a ler, calcular e fazer operações fundamentais.

Essas habilidades são consideradas hoje básicas para participar da civilização ocidental. Não dominá-las impede que a pessoa leia o programa da televisão para se informar com antecedência, decifre bulas de medicamentos e instruções de uso de aparelhos, seja capaz de preencher formulários; dificulta a busca de um emprego e a integração na vida comunitária.

Uma pesquisa entre analfabetos na Alemanha revelou que 61% não concluíram nem o ensino fundamental, 71% não fizeram uma aprendizagem profissional, 41% estavam desempregados e cerca de 50% vivem sozinhos.

Círculo vicioso –

É muito freqüente que se estabeleça nas famílias afetadas um verdadeiro círculo vicioso, pois analfabetos não estão em condições de ajudar os filhos na escola. Todos os anos, mais de 80 mil adolescentes saem da escola sem o certificado de conclusão da 9ª série, que corresponde ao ensino básico na Alemanha. Muitos deles têm grandes dificuldades para ler e escrever. Mesmo o certificado não é garantia de competência na leitura e na escrita, alertam educadores, já que, ao contrário de habilidades como nadar e correr, ler e escrever podem ser desaprendidos se não forem treinados. Quem lê pouco tem cada vez mais dificuldade de decifrar seqüências de palavras e acaba se transformando num analfabeto funcional.

"Mais chances para os analfabetos" –

Em nenhum outro país industrializado existe uma relação tão estreita como na Alemanha entre a procedência social e o nível de educação de uma pessoa, afirma Hermann Lange, encarregado da Conferência dos Secretários Estaduais de Educação para o estudo Pisa no país. Sua reivindicação: não separar alunos fracos e fortes em escolas diferentes, mas dar aulas a todos juntos para que aprendam de forma recíproca.

Genuneit, da Associação Alfabetização, lamenta que o sistema escolar alemão não ofereça nada a pessoas que tenham ido à escola mas precisam reaprender a ler, escrever e calcular. A única possibilidade existente são cursos oferecidos por associações ou pelas Volkshochschulen – especializadas em cursos de formação e aperfeiçoamento para adultos. Todos os anos, cerca de 20 mil pessoas se inscrevem em seus cursos de alfabetização, que podem custar até 100 euros por um semestre.