Feira do Livro de Frankfurt completa 70 anos
Próxima de Mainz, onde Gutenberg inventou a impressão, Frankfurt sediou a mais importante feira do livro da Europa até o fim do século 17. O evento foi reaberto em 1949, tornando-se o maior do mundo no gênero.
Tradição
Próxima de Mainz, onde Gutenberg inventou a impressão, Frankfurt remonta a uma longa tradição como cidade do livro. Até o fim do século 17, sediou a mais importante feira do livro na Europa. A feira voltou a ocorrer em 1949, tornando-se a maior do mundo no gênero. Não só novos livros, mas também eventos paralelos se ocupam com o mundo literário, e todo ano um país recebe espaço especial.
O recomeço em 1949
Na primeira Feira do Livro de Frankfurt após a Segunda Guerra Mundial, em 1949, estandes provisórios ofereciam uma visão do mercado de livros na Alemanha. Havia uma grande demanda por cultura e literatura não censuradas de outros países. Além do evento em Frankfurt, na Alemanha Ocidental, a divisão entre as duas Alemanhas levou à criação de uma outra feira, em Leipzig, na Alemanha Oriental.
Primeiro cartaz
Após a Segunda Guerra, a Feira do Livro de Frankfurt foi lançada por livrarias e pela Associação Alemã de Editores e Livreiros. Sua primeira edição foi de 18 a 23 de setembro de 1949. Catorze mil visitantes vieram à Paulskirche, antiga igreja que virou centro de eventos em Frankfurt, onde foram apresentados 8.500 títulos de livros de 205 expositores.
Mudança para o centro de exposições
Com o passar do tempo, cada vez mais editoras do exterior queriam espaço e, em 1951, a Feira do Livro de Frankfurt se mudou para um parque de exposições. Quem também ganhou com isso foi o comércio livreiro alemão e a atribuição de um Prêmio da Paz, o que atraiu ainda mais público internacional. Em 1953, pela primeira vez havia mais editores estrangeiros do que alemães expondo na feira.
Admiração pelo futebol
Os fundadores da Feira de Frankfurt tinham um objetivo político. Após a ditadura nazista e o êxodo de muitos editores e escritores para o exílio, a Alemanha deveria ser apresentada ao mundo como uma nação cultural. Depois da vitória alemã na Copa do Mundo de Futebol de 1954, o entusiasmo contagiou a feira. Os funcionários no estande da editora Burda até usaram camisetas da seleção alemã.
Data virou tradição
A data da feira, em outubro, rapidamente virou tradição em Frankfurt. Já a Feira do Livro de Leipzig sempre acontecia alguns meses antes, para que editoras, livreiros, agentes e escritores pudessem participar de ambas. Muitos emigrados – tanto editores quanto escritores – voltaram a pisar em solo alemão por causa da Feira do Livro. Em 1957, 1.300 editoras apresentaram suas novas publicações.
Comércio de licenças
As novas publicações das editoras alemãs espelhavam também a jovem República Federal da Alemanha. Na Feira de Frankfurt são apresentados não só literatura estética e livros ilustrados de alta qualidade, mas a partir de meados dos anos 1960 também edições populares e livros acessíveis. Ao longo do tempo, Frankfurt virou ponto de negociação de licenças internacionais, e o livro tornou-se mercadoria.
Protestos estudantis
Os anos selvagens de protestos estudantis na Alemanha também deixaram sua marca na feira do livro. 1968 entrou para a história de Frankfurt como a "Feira da Polícia". Após manifestantes mostrarem sua indignação com o Prêmio da Paz ao então presidente senegalês, a polícia bloqueou a entrada do parque de exposições. Os protestos contra editoras de direita também atrapalharam o andamento da feira.
Escândalos literários
Vez ou outra, escândalos sobre publicações de livros politicamente explosivos ou indiscretos causaram grande ressonância mediática. Por exemplo, os "Versos satânicos", do escritor britânico e indiano Salman Rushdie, em 1989. Também a proibição da história de amor "Esra", de Maxim Biller, que sua amante na época conseguiu a duras negociações, causou polêmica até 2008.
Prêmio da Paz
O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão é entregue durante a feira a uma pessoa "que contribuiu de forma notável para a paz, através da literatura, ciência e arte". Iniciado por escritores e editores, ele foi atribuído pela primeira vez em 1950. Desde 1951, é concedido pela Associação do Comércio Livreiro Alemão. Na foto, a editora e escritora Marion von Dönhoff recebe o prêmio em 1971.
Não só livros
Nos cinco dias da feira, o foco não são apenas livros e seu comércio. Em uma série de eventos paralelos, acontecem encontros com autores, tradutores e editores. Há sessões de debates, leituras em público e as mais variadas programações para crianças, jovens e público em geral.
Países convidados
Desde 1988, a feira dá a nações selecionadas a oportunidade de apresentar seu mundo literário. A Itália foi o primeiro país convidado. O Brasil esteve em foco em 1994 e em 2013. Em 2019, o país convidado foi a Noruega. Nos próximos anos, serão Canadá, Espanha, Eslovênia e, em 2023, a Itália.
Diversidade literária
A ideia da Feira do Livro de Frankfurt de dar espaço a países convidados e dedicar atenção especial ao seu cenário literário foi imitada em todo o mundo. Hoje, o comércio de direitos de tradução é um componente central da Feira do Livro. Mais de 390 mil títulos de livros, audiolivros, e-books e produtos digitais são apresentados a cada ano em Frankfurt.