Felipão só pensa em título e prevê Copa de poucos gols
23 de maio de 2006O técnico da seleção de Portugal, Luis Felipe Scolari, campeão do mundo em 2002 comandando a seleção brasileira, busca o feito inédito de ser o único técnico a conquistar duas vezes uma Copa do Mundo por países diferentes.
Em entrevista concedida ao jornal Welt am Sonntag, Felipão, como é conhecido, prevê uma competição de poucos gols. E sobre o time que comanda, afirmou que não será uma máquina de ataque ofensivo, apesar de contar com Deco, Figo e Cristiano Ronaldo.
O brasileiro sabe que haverá muita pressão em cima da seleção portuguesa, vice-campeã da Eurocopa em 2004. E lembra que os muitos imigrantes portugueses que moram na Alemanha vão certamente comparecer aos estádios e esperar vitórias.
"Os portugueses se acostumaram com sucesso." Nesse sentido, o técnico afirma que já pediu à imprensa daquele país que concentre a pressão em cima dele e deixe os jogadores "em paz".
Conhecido por seu temperamento forte, Luis Felipe, que já foi apelidado de "general", falou do apoio que recebe da psicóloga brasileira Regina Brandão. "Regina faz um trabalho psicológico muito eficiente com os jogadores e também trabalha a minha relação com eles."
Além disso, ele afirma que não se detém a um sistema de jogo por teimosia, mas se adapta ao estilo dos jogadores com os quais trabalha. "Sei que eu tenho em mãos um potencial ofensivo."
Na defesa, com poucos gols
Mas na sua avaliação esta será uma Copa de jogadas defensivas, o que ocasionará jogadas táticas de alta qualidade, mas poucos gols.
Sobre seu futuro, Scolari, que foi sondado para comandar a seleção inglesa, disse que durante o período da Copa do Mundo não vai falar sobre isso. A oferta foi rejeitada e a única preocupação agora é buscar o título.
Mesmo assim, comentou a declaração do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, de que se o país for mal, Felipão não permanecerá no cargo, mas se os portugueses obtiverem sucesso, será impossível mantê-lo com a equipe. Para Luis Felipe, cujo salário mensal é de 175 mil euros, "o que vier, veio [...] eu prefiro ser bem-sucedido sem contrato, do que com contrato sem sucesso."
Scolari elogiou a infra-estrutura alemã no que se refere ao futebol. Ressaltou que nunca recebeu nenhum convite para trabalhar no país, mas que ficaria muito honrado se isso acontecesse. O treinador disse que deseja continuar como técnico por mais seis ou sete anos e após isso trabalhar como empresário ou dirigente de futebol.
O fato de poucos jogadores alemães atuarem fora do país não é considerado um ponto negativo, de acordo com Scolari. A falta de experiência internacional, segundo ele, é suprida pela forte tradição alemã em Copas do Mundo. O técnico brasileiro coloca o time anfitrião no grupo dos favoritos ao título.
"Jürgen Klinsmann começou seu trabalho há dois anos com um time bastante novo. Tempo necessário para o crescimento da equipe e de cada jogador individualmente", afirmou.