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Felipão diz que trabalho foi bom, e Parreira critica formação de atletas

Philip Verminnen10 de julho de 2014

Técnico da Seleção não reconhece erros, analisa preparação para a Copa como "bem feita" e enaltece melhor campanha desde 2002. Já coordenador técnico elogia categorias de base da Alemanha, mas evita críticas à CBF.

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Brasilien WM trainer Luiz Felipe Scolari
Foto: Reuters

A comissão técnica da seleção brasileira – encabeçada pelo treinador Luiz Felipe Scolari e o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira – compareceu à uma entrevista coletiva tensa nesta quarta-feira (09/07), na Granja Comary. A tentativa em explicar a goleada por 7 a 1 sofrida no dia anterior, no Estádio do Mineirão, foi sustentada em tom prepotente de "missão cumprida" e de "trabalho bem feito", mas também sobraram ironias e críticas à formação de jogadores.

O treinador, que tem contrato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até o fim do Mundial, iniciou reiterando que não vai discutir o seu futuro antes da disputa pelo terceiro lugar. "O final do Mundial é o jogo de sábado. Depois vamos conversar, dar relatório de tudo o que foi feito e de como foi feito", disse Felipão.

Ele exaltou as condições oferecidas para a preparação para a Copa e disse que recebeu total apoio do presidente da CBF, José Maria Marin. Mas justamente a cúpula do futebol brasileiro causou a primeira irritação de Felipão.

Brasilien Präsident Luiz Felipe Scolari Carlos Alberto Parreira
Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira: ironias, "bom trabalho" e sem reconhecer errosFoto: picture-alliance/dpa

Indagado sobre as declarações de Delifm Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol e eleito vice-presidente da CBF, que havia dito que "Felipão foi teimoso demais" e que pode garantir que "nunca mais vai estar com uma seleção brasileira", o treinador respondeu em seu melhor estilo: "O único título que o futebol de Santa Catarina tem, eu era o técnico [a Copa do Brasil de 1991 com o Criciúma]. Então o Delfim tem que me agradecer de joelhos. Nunca ganharam nada. E o que ganharam, foi graças a mim."

A segunda irritação veio quando foi questionado se os "seis minutos de pane", que segundo o treinador foram o motivo da goleada diante da Alemanha, é a única justificativa pela campanha ruim da Seleção. "Não tem justificativa alguma. Conseguimos chegar à semifinal, com toda essa incapacidade. Os capazes foram embora", ironizou o treinador. "Não esqueçam que a história tem que registrar que depois de 2002 foi a primeira vez que chegamos à semifinal".

Felipão tentou defender com estatísticas o que ele classificou de "trabalho bem feito". O treinador comandou, em sua segunda passagem, a Seleção em 39 partidas (11 oficiais) e obteve 27 vitórias (oito oficiais), oito empates (dois oficiais) e quatro derrotas (a única oficial foi contra a Alemanha).

"Tivemos nove vitórias em dez jogos na preparação. Tínhamos que desenvolver a confiança dos nossos jogadores e fizemos isso também pelos resultados. O trabalho não foi de todo ruim, foi uma derrota ruim. Nós tomamos um gol de bola parada na competição. E fizemos seis gols de bola parada. A gente chegou entre os quatro. Os quatro melhores do mundo", disse Felipão.

Com números positivos ou não, a única certeza que há é o despreparo com qual a seleção brasileira é dirigida e regida. O fato de praticamente ignorar o uso de tecnologias modernas e análise de adversários ficou ainda mais evidentes com uma frase reveladora de Felipão: "As equipes estavam melhores do que imaginávamos, jogando um futebol de boa qualidade."

Ankunft der brasilianischen Nationalmannschaft Mai 2014
Foi confirmada a presença de Neymar, fora das quatro linhas, na disputa pelo terceiro lugarFoto: CBF

A culpa pelo nível aquém dos adversários? A categoria de base. Segundo o coordenador Carlos Alberto Pareira, há um problema de formação de atletas no Brasil. "Os alemães trabalham a formação de base dos jogadores. Eles têm 21 associações de futebol que formam jogadores, para treinadores também, e o resultado está aqui. Eles não têm um centro de treinamento como o nosso, eles têm 25. O futebol alemão é perfeito na base. E nós, agora, temos a chance de repensar, rever e investir melhor na formação de atletas”, analisou.

Mas como bom empregado, Parreira não credita essa deficiência às responsabilidades da CBF. "A CBF não forma jogadores. Chegam aqui prontos para apenas disputar competições. Precisamos melhorar e focar na formação dos atletas desde o clube. Dar total atenção a ele, proporcionar boa estrutura e capacitar bons profissionais”, ressaltou.