Direitos humanos
4 de outubro de 2007Em 20 de novembro de 1945, entre as ruínas a que se reduzira a cidade de Nurembergue, um processo judicial sem precedentes se iniciava. O banco dos réus era ocupado por uma parte da cúpula do regime nazista. Para estes homens, foi necessário definir uma nova tipologia de delito: o genocídio.
Mais do que o justo castigo contra os responsáveis pelo Holocausto, os processos de Nurembergue representaram o nascimento do conceito de crime contra a humanidade e do direito internacional.
Em um cenário com tamanho valor simbólico, acontece a cada dois anos um festival de cinema que premia os melhores filmes que abordam questões relacionadas ao respeito aos direitos humanos.
Direitos em todas suas formas
A mostra intitulada Perspectiva, Festival de Cinema dos Direitos Humanos de Nurembergue, que vai até o próximo 10 de outubro, traz 75 filmes em sua quinta edição.
Entre os selecionados deste ano está o trabalho nas minas de ouro de Burkina Faso, narrado por Laurent Salgues em Rêves de poussière (Sonhos de pó); o portrait de uma família normal que se rompe por uma aparentemente inofensiva reviravolta do destino, contado pelo alemão Jan Bonny em seu filme Gegenüber (Em frente); ou a luta pela sobrevivência de Nemanja, um menino a quem só 26 mil euros e uma cirurgia cardíaca podem salvar, descrita em Klopka, the trap (Klopka, a armadilha), filme de Srdan Golubovic.
O curta russo Grajdansloe sostoyanie (Estado civil), dirigido por Alina Rudnitskaya, recolhe fragmentos de vidas no registro civil de São Petersburgo. Já Sammy Riley apresenta um documentário gravado secretamente em Mianmar, a antiga Birmânia, intitulado Invisible army (Exército invisível).
Brasil e outros destaques em Nurembergue
A realidade brasileira está presente em Favela rising, dirigido pelos norte-americanos Jeff Zimbalist e Matt Mochary, que retrata a realidade da favela carioca de Vigário Geral e mostra como o músico Anderson Sá venceu a violência dos morros do Rio, fundando com outros colegas o projeto cultural Afroreggae.
Mas a quinta edição deste festival de cinema é dedicada principalmente a Ruanda, país que tem sofrido um dos genocídios mais terríveis das últimas décadas, e que inspirou um grande número de filmes.
O britânico Ken Loach, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2006, será homenageado pelo conjunto de sua obra. E a honra de abrir o festival coube desta vez ao iraniano Arash, com o filme Exile family movie.