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FHC e Schröder acertam campanha por vaga no Conselho de Segurança da ONU

Augusto Valente14 de fevereiro de 2002

O chanceler federal alemão foi recebido em Brasília com honras militares. O foco das suas conversações com o presidente do Brasil foram as relações econômicas entre os dois países.

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O premiê alemão, Gerhard Schröder, em Brasília, com o presidente Fernando Henrique CardosoFoto: AP

Há três anos, durante o encontro de cúpula no Rio de Janeiro, o chanceler Gerhard Schröder e o presidente Fernando Henrique Cardoso demonstraram interesse num acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia. O andamento do assunto foi um dos temas tratados no encontro desta quinta-feira (14), em Brasília.

Os dois governantes fecharam um "plano de ação da parceria teuto-brasileira", centrado na meta comum de obterem assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU. O propósito de um apoio recíproco nesse intento está latente desde a gestão de seu antecessor, Helmut Kohl, porém, Schröder jamais o expressara de forma tão clara. Também o presidente do Brasil reiterou seu apoio à reivindicação do premiê alemão.

Schröder e Cardoso reconheceram que a obtenção do lugar no Conselho de Segurança dependerá da elevação do número total de membros permanentes e não-permanentes. Atualmente somente Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia possuem assentos permanentes. Em 2003, a Alemanha pretende candidatar-se a um dos postos não-permanentes, ocupados rotativamente. O primeiro-ministro alemão sublinhou também a necessidade de "fortalecer as Nações Unidas".

O plano de ação bilateral abarca ainda esforços conjuntos para o livre comércio entre o Mercosul e a UE. As negociações são urgentes, em virtude da perspectiva de criação da Alca (Associação de Livre Comércio das Américas) até 2005, com 35 países-membros. Sem um acordo com o Mercosul, a UE estaria então em franca desvantagem no mercado sul-americano. Dentre as reivindicações do Brasil está a redução das subvenções agrárias da UE.

Outro aspecto do plano de ação comum é uma cooperação internacional mais intensa na manutenção da paz, na defesa dos direitos humanos e da segurança, dentro de organizações e fóruns internacionais.

Brasil e Alemanha unidos no espaço

Dois acordos foram assinados em Brasília, na presença do premiê alemão. Um deles está relacionado com o prosseguimento do PPG7 (Programa Piloto Internacional para Preservação das Florestas Tropicais Brasileiras), para o qual a Alemanha contribuirá com 66 milhões de euros adicionais. O segundo projeto comum refere-se à pesquisa no espaço sideral. Segundo Fernando Henrique, o plano é desenvolver um satélite brasileiro com a colaboração alemã.

Após sua curta estada em Brasília, Schröder seguiu viagem para Buenos Aires, como primeiro líder político do Grupo dos Sete (G-7) a visitar a Argentina desde a eclosão da sua recente crise. Contudo, o premiê já desiludiu os que esperavam seu empenho por uma rápida retomada das ajudas financeiras do FMI, suspensas desde dezembro de 2001.

Ele enfatizou que a precondição incontornável para tal será o governo argentino apresentar um programa de reformas bem estruturado e realista. Só então o Fundo Monetário Internacional poderá prestar ajuda para a auto-ajuda.