Filho de Boris Becker é alvo de tweet de deputado da AfD
4 de janeiro de 2018Noah Becker, filho do ex-tenista alemão Boris Becker, apresentou uma queixa contra o parlamentar da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) Jens Maier, que usou um termo pejorativo para se referir a ele no Twitter, noticiou o tabloide alemão Bild nesta quinta-feira (04/01).
"Parece que o pequeno meio negro simplesmente recebeu pouca atenção. Essa é a única explicação para o seu comportamento", dizia um tweet publicado na terça-feira na conta oficial de Maier no Twitter. Ele usou o termo Halbneger (Halb=meio; Neger=negro). Em alemão, no entanto, a palavra Neger tem uma conotação discriminatória.
O jovem Noah, de 23 anos, cuja mãe, Barbara Becker, é filha de um afro-americano e de uma alemã, tomou a decisão em conjunto com o pai.
"Fui solicitado a rapidamente tomar as medidas necessárias no âmbito da lei penal e civil contra o parlamentar Jens Maier, com base neste tweet claramente racista", disse o advogado da família Becker, Christian-Oliver Moser, ao tabloide.
Maier, ex-juiz que foi um dos quase 100 membros da AfD eleitos para o Bundestag (Parlamento alemão) na eleição geral de setembro, atacou Noah depois de ter lido uma entrevista em que este se queixou de ser visto como o "filho eterno" de seu pai famoso.
Após denúncias, a postagem foi excluída, e Maier alegou ao Bild que um dos membros de sua equipe tinha escrito a mensagem.
O tweet racista não foi um caso isolado – o parlamentar nacionalista tem um histórico de provocações e declarações preconceituosas. Em novembro, por exemplo, a AfD suspendeu um processo de exclusão partidária contra ele. O processo tinha sido aberto por observações de Maier sobre um alegado "culto de culpa" na Alemanha e a "criação de povos mistos" por meio da imigração. Maier é considerado um representante da ala mais radical do partido.
Pedidos de renúncia
Maier aparentemente foi longe demais até para os padrões da Alternativa para a Alemanha. Membros do partido pediram, nesta quinta-feira, a renúncia de Maier.
"Basta! Se vocês não conseguem se manter ou manter seus funcionários sob controle, vão para casa!", disse o deputado da AfD Frank-Christian Hansel, no Twitter. "A AfD não precisa de pessoas que ainda usam o vocabulário primitivo e o estilo dos anos 50."
Hansel criticou o fato de que frequentemente partidários da AfD comprometam o trabalho de toda a legenda com comentários no Facebook e no Twitter.
"Nosso partido não é nenhum antro para sentimentos extremistas de qualquer tipo. Partimos do princípio que Jens Maier tenha a dignidade de assumir a responsabilidade pelas declarações feitas em seu nome, como é costume numa democracia", disse o líder do grupo parlamentar da AfD em Berlim, Georg Pazderski, que acrescentou que as declarações "não correspondem ao espírito e ao programa da AfD".
Essa foi a segunda vez em uma semana que parlamentares da AfD estiveram no centro das atenções por declarações polêmicas nas redes sociais. Na terça-feira, a polícia alemã apresentou uma denúncia por incitação ao ódio contra a parlamentar Beatrix von Storch, que criticou um tweet de Ano Novo em árabe publicado pela polícia de Colônia.
PV/afp/dpa/ots
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