Cinema alemão
29 de janeiro de 2010Na sede do Instituto Goethe, em Munique, amontoam-se algumas estatuetas sobre a mesa: melhor atriz, melhor trilha sonora, melhor direção. São todos prêmios recebidos por filmes alemães em pequenos festivais pelo mundo afora, que acabam, ali, no departamento de cinema do Instituto.
Quando um diretor não pode comparecer pessoalmente a um festival, seja este na Ásia, no Caribe ou onde quer que seja, os representantes dos Institutos Goethe no país em questão assumem a tarefa de receber o prêmio concedido.
Christian Lüffe, responsável pela coordenação do departamento de cinema do Instituto, se diz satisfeito com as premiações em países "exóticos", já que a rotina do departamento onde trabalha costuma ser bem menos cheia de glamour.
Mais espectadores em cineclubes
O Instituto Goethe alimenta com filmes atuais a programação de aproximadamente 40 salas de cinema em suas sedes espalhadas pelo mundo. É tarefa do Instituto não apenas escolher os filmes a serem exibidos, mas também esclarecer questões ligadas a direitos de exibição e cópia.
Não importa se para um ciclo de cinema, para um festival ou para a produção de DVDs, é sempre necessário legendar os filmes a serem exibidos no idioma local de cada país, mesmo que o Instituto Goethe seja conhecido por oferecer curso de alemão.
Lüffe acredita que cada cineclube do Instituto Goethe tenha mais espectadores do que uma sala de cinema alternativa na Alemanha, que não pertença a grandes cadeias – isso, contudo, somente em relação à exibição de filmes alemães.
Enquanto os cineclubes de cidades alemãs exibem também filmes franceses, norte-americanos ou escandinavos, por exemplo, nos Institutos Goethe, fora da Alemanha, só são mostrados filmes alemães, sejam estes clássicos do cinema de autor dos anos 1970 ou documentários e filmes de ficção atuais.
A ideia é fazer com que esses filmes não sejam vistos somente por pessoas ligadas ao cinema, mas sim que sirvam como uma espécie de "aperitivo" para a cultura alemã, diz Lüffe. E que levem o espectador talvez até mesmo a querer saber mais sobre o país e sobre o idioma alemão.
Principalmente porque num filme é possível transportar muita coisa, descreve Lüffe: "imagens, música, a língua, ou seja, o cinema é o meio ideal para se aproximar de uma outra cultura", diz ele. Fora da Alemanha, quase a metade dos eventos promovidos pelo Instituto Goethe são exibições de filmes.
Reflexões sobre o cinema e exibições para o público
Outra instituição que cuida da divulgação do cinema alemão fora do país é a German Films, também sediada em Munique. Conhecida anteriormente como União de Exportação do Cinema Alemão, ela funciona como uma espécie de representação da indústria cinematográfica alemã no exterior.
Apesar da mudança de nome, a instituição continua seguindo os mesmos objetivos: impulsionar a venda de produções alemãs fora do país, através, por exemplo, da sua presença nos grandes festivais em todo o mundo, já que o trabalho de fazer lobby é inerente ao setor.
A German Films também marca sua presença em todos os locais onde há um mercado em potencial para a comercialização ou exibição de filmes alemães. Neste caso, contudo, não se trata de subvencionar atividades culturais, como é o caso do Instituto Goethe, mas sim do mercado cinematográfico em si.
Mesmo assim, a interseção entre produtos sofisticados e vendas acaba sendo grande. Filmes made in Germany de qualidade são exatamente o gênero pelo qual distribuidores em outros países se interessam.
A German Films opera como uma organização de marketing em todos os fóruns onde se reúnem profissionais do setor, principalmente nos grandes festivais. Até mesmo a pré-seleção dos filmes alemães a serem enviados para concorrer à indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro, está a cargo da German Films.
Nouvelle vague alemã
As condições para quem trabalha com a divulgação do cinema alemão fora do país nunca foram tão boas como agora. Hoje, fala-se muito sobre os jovens cineastas alemães, produções nacionais vêm sendo festejadas todo ano no Festival de Cinema de Berlim e até mesmo um Oscar foi concedido recentemente a um filme alemão.
A Fita Branca (Das weisse Band) é o mais recente exemplo deste sucesso. E outro sinal da nova popularidade do cinema alemão é o fato de que atores do país vêm sendo convidados cada vez mais a participarem de produções internacionais.
Mariette Rissenbeek é responsável, dentro da German Films, pelo trabalho de relações públicas e divulgação em festivais. Segundo ela, essa tendência positiva no mercado cinematográfico alemão já se sente no decorrer dos últimos anos.
"Temos a sensação de que Adeus, Lênin abriu de certa forma as portas do mercado internacional. De repente, os distribuidores estrangeiros perceberam que os filmes alemães também podem trazer lucro, e, ao mesmo tempo, divertir", diz Rissenbeek.
Autora: Renate Heilmeier (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque