Firmas alemãs interessadas em negócios no Iraque
2 de abril de 2004Alfred Tacke, secretário-adjunto do Ministério da Economia, manifestou-se "confiante de que as empresas alemãs exercerão um papel importante na reconstrução econômica do Iraque", ao inaugurar uma conferência econômica em Berlim. Apesar dos atentados diários e da caótica situação no país, ela atraiu muitos interessados: 80 iraquianos e 320 empresários alemães.
Depois de três guerras, 13 anos de embargo econômico e incontáveis ataques terroristas, a economia e a infra-estrutura do Iraque estão seriamente danificadas. Oitenta por cento da população vive abaixo do nível de pobreza e dois terços estão desempregados. O abastecimento de água e eletricidade não funciona, o atendimento médico é uma catástrofe e a instabilidade é tanta que mal dá para se falar de segurança.
Investimentos como fator de segurança
Não obstante, o interesse alemão em investir na reconstrução do país é grande. Martin Wansleben, diretor-gerente da Confederação Alemã das Câmaras Alemãs de Comércio e Indústria (DIHK), mostrou-se otimista:
"É grande o potencial do Iraque para tornar-se um forte parceiro comercial. E somente um Iraque com força econômica poderá contribuir para a paz e a estabilidade no Oriente Médio. Nós pretendemos ajudar o país nisso", asseverou.
O Banco Mundial calculou que o Iraque precisaria de 17 bilhões de euros de investimentos, somente em 2004. A Alemanha garantiu 200 milhões de euros.
Tradição de negócios com o Iraque
E desde o fim da última guerra, a DIHK constata que um grande número de firmas alemãs renovaram seus contatos no país. Contatos, aliás, que têm uma longa tradição, pois a estrada de ferro de Bagdá foi planejada e construída por engenheiros alemães e iraquianos já no século 19.
Foram firmas alemãs que construíram a barragem do Rio Tigre em Mossul, fábricas de cimento, olarias e usinas espalhadas por todo o país, além do aeroporto internacional de Basra.
Como as empresas alemãs sempre gozaram de excelente reputação, pela qualidade, o avanço tecnológico e a confiabilidade de seus produtos, não será difícil retomar os contatos, assegurou Tacke. Ele renovou o anúncio de Berlim de defender o perdão de parte das dívidas do Iraque e disse que a Alemanha voltará a garantir, através dos seguros Hermes, as exportações alemãs para o Iraque.
Adubos e parcerias
Além do petróleo, tem importância a agricultura. Somente um quarto das terras férteis é cultivado, e a guerra destruiu a maioria das palmeiras de tâmaras. Por isso, o ministro da Agricultura iraquiano, Al Abood, conclamou os empresários alemães a se engajar nesse setor. O país teria necessidade principalmente de adubos químicos. Ele ressaltou a recente aprovação de uma lei garantindo os investimentos estrangeiros.
O vice-ministro de Economia, Al Kateeb, por sua vez, aconselhou os alemães e cooperarem com parceiros iraquianos em joint ventures, pois as diferenças de mentalidade seriam muito grandes. Segundo ele, não há nada que os iraquianos mais desejem do que a paz.
Esperando o fim da administração americana
Já as empresas alemãs, o que mais desejam é o fim da administração norte-americana e que um governo iraquiano legítimo recupere a soberania do país. Quando isso acontecer, os editais de licitação estarão na mão dos ministros iraquianos.
Por enquanto são os americanos que distribuem as encomendas. Países que, como a Alemanha, não participaram da guerra, não levam nada, queixou-se Frank Kehlenbach, da Confederação das Empreiteiras Alemãs. As empresas alemãs não puderam participar das primeiras encomendas no valor de 5 bilhões de dólares. Concorrentes internacionais só são admitidos para fornecimento parcial de mercadorias.
Segundo outros políticos iraquianos que participaram da conferência em Berlim, contudo, os alemães teriam chances no país se preenchessem o atual vácuo econômico, ainda antes da recuperação da soberania.