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Fischer conclamado a mediar crise no Oriente Médio

(nda/mm)2 de agosto de 2006

O ex-ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer, iniciou uma visita de quatro dias ao Irã como convidado de Teerã. Com isso, o que se vê é um movimento que pede seu retorno ao Oriente Médio em caráter oficial.

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Fischer é especialista em Oriente MédioFoto: AP

"Eu não vol voltar", declarou Joschka Fischer, no final do mês de junho, descartando sugestões de que poderia voltar a atuar politicamente pelo Partido Verde alemão. "A porta está fechada; a chave foi girada e jogada fora", finalizou.

O novo professor de Política Econômica Internacional da Escola para Assuntos Internacionais Woodrow Wilson, da Universidade de Princeton, deixou claro, quando saiu do governo, sua vontade de se concentrar na sua carreira de professor nos Estados Unidos. Mas em um espaço de tempo de quase um mês, o ex-ministro alemão, especialista em Oriente Médio, se tornou uma valiosa ferramenta, a qual alguns esperam poder usar novamente.

A guerra no Líbano e a rápida desintegração das relações entre o Ocidente e o Irã no que diz respeito às ambições nucleares da República islâmica aumentaram ainda mais a pressão na região. Diplomatas de todas as nações se empenham na busca de soluções viáveis para os problemas no Oriente Médio.

Especialista respeitado

Bildgalerie Arafat Fischer bei Arafat
Ex-ministro sempre foi acatado por israelenses e palestinosFoto: AP

Alguns acreditam que Fischer – um especialista em Oriente Médio que ganhou a confiança tanto de israelenses como de palestinos durante seus sete anos no cargo de ministro do Exterior – poderia desempenhar um papel importante nas negociações, seja em caráter oficial ou não.

E, enquanto nenhuma oferta oficial foi feita a ele para se unir aos esforços alemães para acabar com o confronto Israel-Hizbolá ou a questão nuclear, Fischer está sendo tratado como um possível mediador em ambas as crises, seja como representante da Alemanha ou da União Européia.

"Conhecido como um político internacional respeitado tanto por Israel como pelos palestinos, Joschka Fischer seria ideal para o papel de mediador, como enviado da UE, nas negociação de um cessar-fogo no Líbano", disseram em pronunciamento o alemão, membro do Parlamento Europeu e líder do Partido Verde, Daniel Cohn-Bendit, e a italiana Monica Frassoni. O governo alemão e Fischer em si, no entanto, não deram resposta a conclamações para tal envolvimento nessas questões.

Contudo, Fischer iniciou uma visita de quatro dias ao Irã, na segunda-feira (31/07), onde irá participar de uma mesa-redonda organizada pelo Centro de Estudos Estratégicos de Teerã, após ser convidado por Hassan Rohani, ex-negociador-chefe do programa nuclear do Irã.

Convite mostra posição de Fischer

Hassan Rohani, der iranische Sicherheitsberater mit Außenminister Joschka Fischer, Berlin
Rohani e Fischer têm uma relação de respeito mútuoFoto: AP

Apesar de a visita particular já ter sido organizada há algum tempo, sua inclusão no debate mostra que suas visitas regulares ao Irã e ao Oriente Médio durante seu período de diplomata alemão estabeleceram importantes relações de trabalho e deram a ele respeito na região.

E, enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas estabeleceu um prazo para Teerã suspender o programa de enriquecimento de urânio, parecendo ser inveitável a aplicação de sanções, diante da postura hostil do Irã, um homem como Fischer, no qual os iranianos podem confiar, poderia pavimentar o caminho para reabrir o diálogo. O próprio alemão acredita que negociações com o Irã são a única forma de garantir uma resolução pacífica para os problemas da região.

"Se um entendimento for acertado com Teerã sobre o programa nuclear e o enriquecimento de urânio, a situação no Oriente Médio vai mudar", disse Fischer em entrevista recente ao jornal Die Zeit. "Se não, estamos nos encaminhando para uma enorme crise com conseqüências imprevisíveis."

Linha diferente

Fischer spricht vor der UN
Para Fischer, força da ONU não faz sentidoFoto: AP

Quanto ao Líbano, Fischer já manifestou suas opiniões e elas diferem da linha corrente de pensamento. Enquanto muitos diplomatas acreditam que uma força da ONU no Líbano seria a melhor saída, Fischer disse que faria "pouco sentido" destacar um contingente maior da ONU para estabilizar o país.

"Apenas uma tropa robusta com um mandato robusto poderia, talvez, alcançar algo positivo. Mas os riscos são enormes Acho muito mais importante fazer pressão política sobre os radicais e nos comprometer a novas negociações de paz."

Fischer disse que a violência foi "orquestrada por líderes estrangeiros do Hamas como parte de sua luta contra elementos moderados no movimento". Mas Irã e Síria também tiveram participação nos eventos, acrescentou.

Ele também acusou o Ocidente, a Rússia e as Nações Unidas de negligenciarem o processo de paz no Oriente Médio. "Nunca antes o Ocidente e a ONU negligenciaram este volátil conflito de maneira tão perigosa, nunca antes o chamado Quarteto do Oriente Médio, incluindo ONU, EUA, UE e Rússia, mostraram tão pouco comprometimento", disse. "É uma tragédia."