FMI e Banco Mundial alertam emergentes e pedem que EUA evitem falência
13 de outubro de 2013Para os cerca de 11 mil ministros, banqueiros e jornalistas presentes ao encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, que terminou neste fim de semana em Washington, a crise de endividamento do euro se tornou, de repente, um tema secundário. Eles tiveram olhos somente para a bizarra disputa entre democratas e republicanos nos Estados Unidos.
Até agora, o presidente Barack Obama e os políticos republicanos não foram capazes de chegar a um consenso sobre o orçamento do país e a elevação do teto de dívida pública – nuvens negras continuam a passar sobre a Casa Branca, que se localiza bem próximo da sede do Fundo Monetário Internacional na Avenida Pensilvânia.
Triunfo do bom senso?
Na verdade, ninguém pode imaginar que os políticos em Washington irão deixar os EUA caírem na inadimplência. Também o presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, e o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, tentaram transmitir uma sensação de confiança em Washington. Weidmann considera limitadas as consequências econômicas da paralisação administrativa, o chamado Shutdown.
Segundo ele, a atenção se volta mais para o teto da dívida estatal dos EUA. Sem a elevação do teto da dívida, paira a ameaça de falência sobre a maior economia do mundo já a partir de 17 de outubro. O ministro Schäuble, por sua vez, disse que seria opinião comum de todos os países parceiros, incluindo do secretário do Tesouro americano, de que haverá uma solução. "É preciso, é preciso", disse Schäuble, afirmando contar com o bom senso.
Outros levaram a crer que a elevação do teto da dívida nos EUA, por si só, não será suficiente a longo prazo. "Mesmo sem o aumento do teto da dívida, a dívida per capita dos americanos é muito maior do que a da zona do euro, até mesmo maior do que a da tão discutida Grécia", afirmou Georg Fahrenschon, presidente da Confederação Alemã das Caixas de Poupança (DSGV, na sigla em alemão), à margem da reunião anual em Washington.
Política monetária dos EUA não é sustentável
E não somente o atual endividamento per capita nos EUA seria maior, mas ele cresce mais rapidamente do que na Grécia. Segundo Fahrenschon, economicamente, uma política alinhada à contração de dívidas não seria sustentável. Tal política sobrecarrega as futuras gerações e apenas esconde desequilíbrios, afirmou o presidente da DSGV, explicando que, quando tais desequilíbrios se tornam muito grandes, distorções econômicas são quase inevitáveis.
Até agora, os Bancos Centrais – principalmente dos países desenvolvidos – tentaram atenuar os efeitos de tais rupturas e crises com muito dinheiro e taxas de juros perto do zero. Mas todos os economistas estão de acordo que essa política não pode continuar para sempre, sem que se criem novas bolhas de preços e crises. "Os Bancos Centrais não podem continuar, infinitamente, com o pé no acelerador", disse o presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann.
Mercados emergentes precisam estar vigilantes
Embora o presidente do Federal Reserve (Fed), Bem Bernanke, tenha anunciado já no começo do ano a possibilidade de deixar de lado uma política monetária ultrafrouxa, ele condicionou isso a uma melhoria dos dados econômicos dos Estados Unidos. Mas, agora, esse não deverá ser o caso tão rapidamente. Se o Estado, que é responsável por 20% do Produto Interno Bruto dos EUA, continuar a estar ausente como consumidor, a economia americana não deverá se recuperar num futuro próximo.
Apesar disso, em algum momento, deverá haver uma mudança na política monetária – e principalmente os países emergentes devem estar preparados para essa situação. A eventual transição com vista a uma normalização da política monetária deve ser "cuidadosamente sintonizada e coordenada, bem como claramente comunicada", afirmou a declaração final do Comitê Financeiro do FMI, no último sábado (12/10).
O motivo é que os países emergentes deverão vivenciar uma maciça perda de capital no caso de um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. Por esse motivo, a diretora-gerente do FMI, Chrstine Lagarde, instou os Bancos Centrais de todo o mundo a trabalhar em conjunto para minimizar os efeitos danosos em conter a enxurrada de dinheiro.