Força de Hillary e probabilidade intimidam democratas
6 de maio de 2015Com o anúncio do ex-governador do Arkansas Mike Huckabee, o número de pré-candidatos pelo Partido Republicano à Casa Branca chegou a seis – e tende a aumentar, com analistas políticos prevendo até 20 concorrentes.
Já no Partido Democrata a situação é completamente diferente. Se o senador Bernie Sanders Vermont não tivesse tomado a decisão, na semana passada, de participar da corrida presidencial, Hillary Clinton seria a única candidata da legenda para 2016. E as perspectivas para a inclusão de mais nomes no partido do presidente Barack Obama são poucas.
A única candidatura democrata ainda aguardada, mas não oficializada, é a do ex-governador de Maryland e agora prefeito de Baltimore Martin O'Malley, que atualmente está recebendo bastante atenção – ainda que indesejada – com os protestos na cidade.
Com os dois principais nomes democratas, o vice-presidente Joe Biden e a senadora de Massachusetts Elizabeth Warren, não inclinados a concorrer, o ex-senador da Virgínia Jim Webbé aparece como uma das poucas outras opções para o partido.
História joga contra
Observadores apontam dois motivos para a escassez de pré-candidatos na corrida democrata: o principal é a própria Hillary Clinton; o outro, secundário, é a história da política americana.
"É muito difícil vencer três eleições presidenciais consecutivas. Por isso, mesmo que tudo fique como está e mesmo se Hillary Clinton não existisse, não é um bom ciclo para concorrer à Casa Branca se você é um democrata", opina o analista político Thomas Schaller, da Universidade de Maryland.
De fato, é quase impossível manter-se na Casa Branca depois de seu partido tê-la controlado por oito anos. A única vez que isso aconteceu desde o fim da Segunda Guerra foi em 1988, quando o então vice-presidente republicano George Bush ganhou após oito anos de governo Ronald Reagan. E a última vez que os democratas ocuparam a presidência por 12 anos consecutivos foi em 1940, quando Franklin Roosevelt, sob circunstâncias extraordinárias, conquistou um terceiro mandato.
Quanto ao segundo motivo, a candidatura da ex-secretária de Estado Hillary Clinton simplesmente tirou o espaço da maioria dos concorrentes restantes que podem ter ponderado concorrer.
"A maioria dos democratas está apenas assustada em entrar na corrida presidencial", afirma o historiador Julain Zelizer, da Universidade de Princeton. "Eles percebem que quando há alguém desse porte e calibre fica mais difícil arrecadar fundos e atrair eleitores."
Apesar dos recentes problemas de Hillary – como a confissão de que usou um e-mail particular quando secretária de Estado de Obama e as questionáveis doações estrangeiras à fundação de seu marido – a corrida democrata parece, de fato, previsível.
"A menos que um desses escândalos ou problemas com a Fundação Clinton se tornem um problema maior do que são, não acredito que há muitas chances de que alguém vá derrotá-la", aposta Zelizer.
Disputa previsível
Ironicamente, o mesmo sentimento público, de que Hillary era invencível, era predominante há oito anos – até que um em grande parte desconhecido candidato chamado Barack Obama a derrubou.
Um candidato inesperado, no entanto, está longe de vista desta vez. Pois parece difícil que os dois adversários, Bernie Sanders e Martin O'Malley, consigam realmente estabelecer uma base sólida para derrotar Hillary nas primárias.
"Se ela der a chance, acredito que seja possível, mas bastante improvável", diz Schaller. "Não acho que ela vá cometer os mesmos erros de oito anos atrás, mas nunca se sabe."
É por isso que, sem quaisquer maiores falhas ou novos escândalos, a primária do Partido Democrata para a eleição de 2016 pode estar encerrada antes mesmo da primeira votação, em fevereiro no estado de Iowa.
"Se não houver surpresas, a escolha do candidato democrata pode estar decidida bastante cedo, dentro de um ou dois meses das primárias e conferências partidárias, o que seria bom para ela, já que, desta forma, poderia rapidamente direcionar a atenção para o Partido Republicano", prevê Zelizer.