França reforça segurança preparando-se para eleição
22 de abril de 2017As autoridades francesas decidiram reforçar o plano de segurança para o primeiro turno das eleições presidenciais neste domingo (23/04), na sequência do ataque em Paris, que deixou um policial morto e três feridos.
Cerca de 50 mil policiais e 7 mil soldados farão a segurança em território francês durante a votação. Os colégios irão abrir às 8h (horário local) de domingo fechar às 19h. Nas grandes cidades, o horário é estendido até as 20h.
"Um reforço extra na guarda será disponibilizado em todos os locais de votação que precisam", afirmou o oficial da prefeitura de Paris Colombe Brossel.
A incerteza gerada pelo ataque terrorista em Paris nesta semana também lança sombras sobre o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais francesas, marcadas para este domingo.
Com os quatro principais candidatos muito próximos nas sondagens de intenção de voto, os institutos de pesquisa têm dificuldade em prever quais serão os dois presidenciáveis a irem ao segundo turno, em 7 de maio.
De acordo com um dos últimos levantamentos divulgados nesta sexta-feira, o centrista Emmanuel Macron e a populista de direita Marine Le Pen aparecem com 23% dos votos.
O candidato de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon tem 19,5% e o conservador François Fillon aparece com 19% das intenções de voto na pesquisa conduzida pelo instituto BVA entre os dias 20 e 21 de abril, em meio ao mais recente ataque terrorista na França.
A diferença entre os quatro candidatos diminuiu de forma significativa no último mês. No final de março, a diferença entre Le Pen, que liderava as pesquisas, e Mélenchon chegava a dez pontos percentuais.
Impacto do terrorismo
O tiroteio que deixou um policial morto e dois agentes e uma turista feridos na última quinta-feira na Champs-Élysées, a avenida mais famosa da capital francesa, teve impacto sobre a corrida presidencial ao Palácio Bellevue e colocou o tema da segurança nacional no topo da agenda de discussões.
O atirador francês que perpetrou o ataque na noite desta quinta-feira já tinha sido condenado a 15 anos de prisão em 2005 por ferir a tiros dois policiais em diferentes ocasiões.
A imprensa francesa divulgou que o agressor é Karim Cheurfi, nascido em 1977 em Livry Gargan, ao norte de Paris. Ele tinha deixado a prisão em 2015. O jornal "Le Monde" informou que investigadores encontraram "elementos de radicalização" na casa dele.
Na sexta-feira, os principais candidatos suspenderam o último dia de campanhas e se pronunciaram sobre ataque. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, acusou a candidata de extrema-direita Marine Le Pen de usar o incidente para angariar votos.
A líder da Frente Nacional apelou para que o controle das fronteiras nacionais seja restabelecido imediatamente e que estrangeiros fichados por serviços de inteligência por radicalismo sejam expulsos do país. "O islamismo é uma ideologia hegemônica monstruosa que declarou guerra à nossa nação, à razão, à civilização", disse.
Macron apelou que os eleitores mantenham "a cabeça fria". À rádio RTL, ele disse que os agressores querem é "morte, simbolismo, espalhar o pânico e perturbar um processo democrático, que é a eleição presidencial".
Fillon sublinhou que "a luta contra o terrorismo deve ser a prioridade absoluta do próximo presidente da República" e Mélenchon garantiu que "os criminosos não ficarão impunes" na França.
Difícil previsão
Tradicionalmente, os meios de comunicação publicam os nomes dos dois candidatos finalistas às 20h (horário local), quando se fecham as últimas urnas, por já contarem com os votos apurados nos colégios que fecharam antes.
Neste ano, porém, os nomes não devem ser divulgados tão cedo, devido à margem estreita entre os qutro favoritos. "Não assumiremos riscos inúteis", afirmou o diretor-geral adjunto do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), Frédéric Dabi.
O clima de desconfiança em relação a pesquisas de opinião também cresce devido ao resultado das eleições americanas. Donald Trump conquistou a Casa Branca, apesar de não liderar as intenções de voto.
Os colégios eleitorais nos territórios franceses do arquipélago de Saint-Pierre e Miquelon, situado perto da costa atlântica do Canadá, foram os primeiros a abrir neste sábado (22/04) para o primeiro turno das eleições presidenciais.
As urnas foram abertas às 7h (horário de Brasília) nessas ilhas, onde há cerca de cinco mil eleitores. Os colégios também serão abertos em Guiana e nas Antilhas.
Nesses territórios, além da Polinésia francesa e para os franceses residentes no continente americano, o voto acontece no sábado, e não no domingo.
KG/efe/afp