Fritz Lang faz 125 anos
Na Alemanha, ele marcou época com obras memoráveis como "Metrópolis". Nos EUA, ele codefiniu o gênero cinematográfico noir. Um tributo em imagens ao grande cineasta nascido em 5 de dezembro de 1890.
O homem do tapa-olho
Fritz Lang (1890-1976) abriu os olhos dos alemães ao mundo do filme. Para numerosos especialistas, o cineasta nascido em Viena há 125 anos é a figura mais importante do cinema de idioma alemão. Que ele tenha sido uma das figuras mais influentes da sétima arte, não há dúvida.
Dr. Mabuse (1922-33)
Lang rodou suas primeiras produções ainda nos tempos do cinema mudo, quando aprendeu a contar suas histórias somente através do poder das imagens. Alguns analistas são da opinião que ele teria antecipado personagens e acontecimentos do nacional-socialismo, em seus dois filmes sobre o demoníaco criminoso Dr. Mabuse, realizados em 1922 e 1933.
Os Nibelungos (1924)
Em seu monumental "Os Nibelungos" – dividido em duas partes, "A morte de Siegfried" e "A vingança de Kriemhild" –, Fritz Lang levou às telas a complexa saga mitológica germânica. Hoje, se diria tratar-se do primeiro filme do gênero fantasia na história do cinema.
Metrópolis (1927)
Possivelmente sua obra mais aclamada foi "Metrópolis". Como pioneiro do gênero ficção científica, o épico serviu como modelo para numerosos filmes futuros, e fonte de inspiração sobretudo para os realizadores de Hollywood. Décadas mais tarde, o original foi meticulosamente restaurado e exibido, por exemplo, diante do Portão de Brandemburgo, em Berlim.
Uma mulher na Lua (1929)
Lang era um realizador extremamente criativo e cheio de imaginação. No set de filmagens, ele e sua equipe experimentavam intensamente com diferentes perspectivas de câmera, com luz e sombra, e mais tarde, naturalmente, também com o som. Na foto, ele roda "Uma mulher na Lua".
M, o Vampiro de Düsseldorf (1931)
Igualmente consagrado como obra de mestre na carreira do diretor austro-germânico, "M" conta a trajetória de um assassino de crianças. Ao mesmo tempo abjeto e tocante, o ator Peter Lorre fez escola no papel do criminoso. As cenas em que ele é perseguido pela cidade contam entre as mais impressionantes na obra de Lang.
Fúria (1936)
Filho de mãe judia convertida ao catolicismo, ele percebeu a necessidade de abandonar a Alemanha, após a ascensão dos nazistas ao poder. Primeiro Lang rodou uma película na França, porém não tardaria a fincar pé em Hollywood. "Fúria", estrelado por Spencer Tracy (esq.) e Sylvia Sidney, foi seu primeiro filme nos Estados Unidos.
Vive-se só uma vez (1937)
Em sua segunda produção hollywoodiana, o cineasta recém-imigrado narrava a história trágica e simplesmente sem saída de um casal. "Vive-se só uma vez" impressiona por suas fascinantes imagens preto-e-branco, para as quais Lang contou com a colaboração do fotógrafo Leon Shamroy.
A volta de Frank James (1940)
Perfeitamente adaptado às peculiaridades do sistema americano dos estúdios, a partir de meados dos anos 30 Fritz Lang pôde trabalhar continuamente. Com sucesso, ele tentou a mão nos mais diferentes gêneros, como no faroeste "A volta de Frank James", protagonizado por Henry Fonda (dir.).
Os carrascos também morrem (1943)
Também em sua nova pátria, os EUA, o cineasta que escapara dos nacional-socialistas se ocupou da precária situação na Alemanha. "Os carrascos também morrem" relata os acontecimentos em torno do atentado ao "vice-protetor do 'Reich'" em Praga, Reinhard Heydrich.
Um retrato de mulher (1944)
Fritz Lang é responsável por algumas das mais impressionantes obras do film noir. Do ponto de vista estético, o gênero experimentava com o claro-escuro e com as mais diversas nuances do preto-e-branco, assim como com perspectivas de câmera ousadas. A trama, frequentemente policial, costumava girar em torno de personagens desesperadas, em fuga. Aqui, cena de "Um retrato de mulher".
O segredo da porta fechada (1947)
Enquanto os filmes da fase muda na Alemanha são conhecidos e celebrados, pelo menos entre os cinéfilos, em meio à produção americana do diretor ainda há muito que descobrir. "O segredo da porta fechada" conta entre essas joias ocultas.
Gardênia Azul (1953)
Outros produtos da fase americana de Lang, por sua vez – como "Gardênia Azul", com Anne Baxter e Richard Conte – são presença constante até mesmo na programação dos canais de TV. O título se refere à canção "Blue Gardenia", interpretada no filme por Nat King Cole.
Os corruptos (1953)
Entre as obras do mestre subestimadas até hoje, destaca-se "Os corruptos". No entanto, o brutal thriller policial é reconhecido por muitos como um marco do film noir e influenciaria gerações subsequentes de cineastas. No elenco, Glenn Ford (esq.) e Lee Marvin (c.).
O tigre de Bengala (1959)
Em 1956, Fritz Lang retornou à Europa. Na Alemanha, ainda realizaria três películas. Embora longe de possuir a potência e originalidade das obras do início de carreira, essas produções são ainda exibidas por todo o mundo. Como na retrospectiva de 2014 no Brasil, onde se viu "O tigre de Bengala". Hoje, o cineasta nascido na Áustria e atuante na Alemanha e nos EUA é um artigo cultural de exportação.