Fujimori sai de clínica depois de indulto
5 de janeiro de 2018O ex-presidente peruano Alberto Fujimori se reuniu na madrugada desta sexta-feira (05/01) com seus quatro filhos em uma casa de Lima, após receber alta médica da clínica na qual esteve internado 12 dias e depois de ter sido indultado pelo atual chefe de Estado, Pedro Pablo Kuczynski.
Fujimori, de 79 anos, chegou a uma casa num setor exclusivo do distrito de La Molina acompanhado por seu filho mais novo, Kenji, que foi buscá-lo na clínica Centenario.
O médico pessoal de Fujimori, Alejandro Aguinaga, declarou à emissora Canal N que o ex-governante está com seus quatro filhos na casa de La Molina, que conta com proteção policial, mas não pertence a nenhum familiar.
O legislador Kenji Fujimori postou no Twitter uma foto e um vídeo com seu pai, dentro do veículo que os levou a La Molina, para festejar a liberdade do ex-presidente.
Um dia antes do indulto outorgado por Kuczynski, Fujimori foi internado na clínica, com problemas de pressão arterial, os quais, segundo o ex-diretor-geral de Direitos Humanos do Ministério de Justiça, Roger Rodríguez, nunca serviram antes como justificativa para um indulto humanitário.
Durante o internamento no centro médico, o ex-presidente foi submetido a uma série de exames e tratamentos para os problemas de saúde que justificaram a concessão do perdão presidencial por motivos humanitários.
Alberto Fujimori, engenheiro de origem japonesa, foi condenado a 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade por ter ordenado o assassinato de 25 pessoas por um esquadrão da morte, durante a guerra contra os guerrilheiros do Sendero Luminoso (grupo de extrema-esquerda maoista).
Ele cumpriu 12 anos da sentença e, em 24 de dezembro, foi perdoado por Kuczynski. A decisão provocou várias críticas no exterior, demissões no governo e desencadeou manifestações no país, durante as quais Kuczynski foi acusado de ter negociado o perdão em troca da sua manutenção no poder, com o apoio do movimento político fundado por Fujimori.
O indulto foi concedido três dias depois de o processo de destituição de Kuczynski ter sido recusado pelo Parlamento peruano, em parte devido à abstenção de Kenji Fujimori e de nove outros deputados do seu partido, Força Popular. O fato que alimentou as versões da oposição de que se tratou de uma negociação entre o governante e Kenji Fujimori.
O processo de destituição do presidente foi baseado em supostos vínculos do presidente peruano com a empreiteira Odebrecht, que reconheceu ter feito pagamentos de cerca de 5 milhões de dólares a empresas diretamente ligadas a Kuczynski, quando ela era ministro. Na campanha eleitoral de 2016, o presidente do Peru, de 79 anos, tinha prometido não libertar Fujimori.
"Farsa"
O indulto também gerou divisão dentro do próprio partido fujimorista Força Popular, dirigido pela sua filha, Keiko Fujimori. Em comunicado, o comitê executivo do partido expressou satisfação pela liberdade do seu fundador, embora tenha discordando "da forma como ela foi alcançada".
"Completa-se a farsa", protestou no Twitter a deputada de esquerda Marisa Glave, argumentando que "fica evidente que Fujimori não é doente terminal". "Hoje o crime e a impunidade saem às ruas, mas a dignidade dos peruanos sairá às ruas no dia 11 para recuperar a esperança e dizer a PPK [Kuczynski] que seu indulto ilegal não se sustenta", afirmou Glave em referência à marcha de protesto anunciada para a próxima semana.
Horas antes da saída de Fujimori da clínica, cerca de cem de seus apoiadores compareceram à casa de Kuczynski para agradecer-lhe pelo indulto humanitário outorgado ao ex-governante.
Nas imediações da casa do chefe de governo, os manifestantes soltaram pombas brancas e afirmaram que "se fez justiça com o melhor presidente do Peru". Um cartaz tinha a mensagem "o Peru somente quer reconciliação", a mesma ideia que Kuczynski expressou após outorgar o indulto ao ex-governante e receber a rejeição de diferentes setores políticos e sociais.
MD/efe/lusa
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