Görlitz: paraíso dos aposentados
9 de outubro de 2008Há cinco anos, o casal Horst e Dagmar Eichhorn esteve pela primeira vez em Görlitz, a cidade mais ao leste da Alemanha, na fronteira com a Polônia. Era para ser apenas uma visita no aniversário de 70 anos de Horst, mas eles contam que ficaram fascinados com a cidade e seus habitantes.
O que os agradou foi a cordialidade e a receptividade dos moradores de pequena cidade situada no território da antiga Alemanha Oriental. "Depois de três dias, tomamos a decisão de vender a nossa casa numa vila no norte de Hessen e nos mudar para Görlitz", conta Dagmar.
Hoje, o casal Eichhorn mora numa casa em estilo art nouveau no centro da cidade. A luxuosa decoração interior, os móveis de nogueira e mogno, o jardim com balanços ao estilo dos filmes de Hollywood e a ampla varanda fazem pensar que o aluguel da casa não deve ser barato.
Mas Dagmar garante que é. "Uma casa como esta, o meu marido tinha há 30 anos em Düsseldorf. Na época, só o aluguel já custava 2 mil marcos [aproximadamente mil euros]. Hoje, só mesmo em Görlitz podemos alugar algo assim", acrescenta.
Oferta cultural
Os aluguéis em Görlitz são baratos em comparação com o oeste da Alemanha. Isso porque no centro da cidade há entre 4 mil e 5 mil residências vazias. Também por isso, todos os anos entre 200 e 300 aposentados abandonam o oeste e se mudam para Görlitz.
Os Eichhorn contam que deixaram a vila onde moravam em Hessen também por causa da falta de opções de lazer. Em Görlitz, eles vão ao teatro e a concertos musicais e fazem passeios de bicicleta pelas redondezas. Também participam das festas municipais, tocando seu "realejo de concerto", e das apresentações de teatro amador no verão.
A propaganda boca a boca é um dos motivos do sucesso de Görlitz entre os aposentados alemães. O casal Eichhorn divulga as vantagens da sua nova cidade sempre que pode. E ainda lucra com isso. Dagmar e Horst, que foram vendedores – ele, de gravatas, ela, de seguros –, hoje alugam casas para temporadas de férias em sua nova terra.
Aposentados ativos
A onda de aposentados em Görlitz começou para valer em 2004, quando um jornal de Berlim publicou uma matéria sobre a cidade. Desde então, cerca de 25 pedidos de informações chegam todos os meses à prefeitura. Os interessados querem saber como é o serviço de saúde ou o programa cultural local.
A funcionária Margitta David recebe todos os pedidos e encaminha as respostas, sempre acompanhadas de folhetos, mapas e ofertas de imóveis na cidade. Segundo ela, muitos dos interessados voltam após uma rápida visita – na maioria dos casos, para ficar.
"São pessoas ativas e que dizem: estou me aposentando, acho o lugar onde moro muito monótono e quero experimentar algo novo'", conta David. A maioria dos novos habitantes vem de Hamburgo, Frankfurt e Munique. Eles têm dinheiro e se interessam pela oferta cultural da cidade.
Mas não só os aposentados estão felizes com a sua decisão. Os antigos moradores de Görlitz também ficam satisfeitos. A situação econômica da cidade é ruim: a taxa de desemprego ronda os 20%. Os recém-chegados não tiram o emprego de ninguém e ainda geram postos de trabalho no setor de serviços.