Gamescom começa em meio à expansão da indústria de jogos eletrônicos
13 de agosto de 2014Todo o mundo joga, o tempo todo e por toda parte. Basta entrar no metrô, e já se veem crianças, adolescentes e adultos que mal desviam o olhar dos monitores digitais. Eles quase não se comunicam mais entre si, cada um prefere ficar brincando em seu próprio mundo de games.
Assim, as estatísticas atuais não devem causar espanto: 84% dos jovens entre 14 e 29 anos da Alemanha brincam em seus smartphones, tablets, PCs e consoles, assim como 50% daqueles na faixa entre os 30 e 49 anos de idade. Isso totaliza 29 milhões de gamers, de acordo com a Bitkom, a confederação alemã dos setores de informática, telecomunicações e novas mídias.
A notícia é especialmente boa para a indústria de jogos eletrônicos. No primeiro semestre de 2014, a Confederação Alemã de Software Interativo de Diversão (BIU, na sigla original) registrou um faturamento de 798 milhões de euros, 6% a mais que no mesmo período do ano anterior. E a sexta edição da feira Gamescom é uma chance de levar esse impulso positivo também para o segundo semestre.
Centenas de milhares de fãs de jogos digitais acorrem a partir desta quarta-feira (13/08) à cidade de Colônia, para um dos mais importantes eventos comerciais de eletrônica de entretenimento interativo do mundo. Mais de 300 mil ingressos foram vendidos antecipadamente online, e outras dezenas de milhares de visitantes são esperados nas bilheterias, diz o diretor da Gamescom, Gerald Böse.
Novos consoles, novos mundos
No Natal, chegaram às lojas o Playstation 4, da Sony, e o Xbox One, da Microsoft. As firmas de jogos já apresentaram seus últimos lançamentos em junho, na feira E3 em Los Angeles. Mas agora, em Colônia, essas novidades podem ser experimentadas pelo público. "Isso torna a feira especialmente atraente para os visitantes privados", explica Maximilian Schenk, diretor geral da BIU.
"Descobrir novos mundos brincando" é o slogan da Gamescom este ano. Pois, segundo Schenk, a maioria dos jogos gira em torno da descoberta e invenção de mundos novos. Os consoles atuais possuem uma elevada capacidade de processamento e possibilitam ao usuário a criação instantânea de mundos virtuais, que podem ser alterados à vontade. Além disso, prossegue Schenk, os novos games contam histórias cada vez mais complexas, "que nos emocionam e que, até agora, só conhecíamos de livros ou dos filmes".
Também há um nível de detalhamento mais profundo, tudo é "tão intenso e real como nunca", diz Schenk, até folhas de grama são animadas individualmente. Graças a essas tecnologias, os novos consoles vendem 23% mais do que a geração atual, lançada no mercado entre 2005 e 2007.
Apps móveis crescem na preferência
Embora os consoles sigam sendo a maior fonte de vendas do setor, o faturamento com apps de jogos cresceu nada menos que 133% no primeiro semestre deste ano, alcançando um total de 144 milhões de euros.
Os jogos para smartphones e tablets têm boa saída no mercado alemão. Eles são muito mais baratos do que os softwares para consoles especializados e podem ser baixados a qualquer hora da internet, sem complicações. E as versões gratuitas, geralmente oferecidas como amostras, podem ser ampliadas a qualquer momento, pelo acréscimo de funções pagas.
Isso também desperta o interesse de grupos-alvo que até agora não jogavam, ou apenas muito pouco. Segundo dados da BIU, 41% dos compradores de apps de jogos na Alemanha têm idade acima dos 40 anos. A metade vive em unidades domésticas com renda mensal líquida superior a 3 mil euros. Ao mesmo tempo, a Bitkom aponta o maior aumento do número de gamers entre 50 e 64 anos jamais registrado: quase um quarto desse grupo se diverte com jogos de vídeo e computador, contra um oitavo em 2013.
A Gamescom promete exibir toda a palheta dos mais novos produtos entre os aplicativos móveis de entretenimento. Ao lado das brincadeiras mais despretensiosas e simples, estão também representados os exemplares mais complexos da atualidade. O diretor Maximilian Schenk informa que o setor deseja, no futuro, "mais famílias na feira", e que as ofertas dos fabricantes consideram cada vez mais os interesses de todas as faixas etárias.
Alemanha quer ser vanguardda
O evento de eletrônica interativa reúne, neste ano, cerca de 650 expositores de 45 países. Entre os parceiros mais destacados está a chamada "Nordic Region", representada pela Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega e Islândia.
O Nordic Game Institute (NGI) se tornou um modelo europeu de sucesso, com jogos como Angry Birds, da Rovio, ou Quizduell, da Feo Media. A rede apoia 700 firmas da região nórdica, faturando, ao todo, 1,5 bilhão de euros.
A Alemanha pretende imitar essa receita de sucesso. Até agora, o país tem sido um grande mercado consumidor, mas não consta entre os principais locais de produção de jogos eletrônicos. Schenk crê que é possível aprender muito com os parceiros da "Nordic Region", para transformar também a Alemanha num bem-sucedido local de desenvolvimento de games.