Gauck condena morte de prisioneiros de guerra soviéticos
6 de maio de 2015O presidente alemão, Joachim Gauck, condenou nesta quarta-feira (06/05) a morte de milhões de prisioneiros de guerra soviéticos como consequência de um dos maiores crimes dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em discurso por ocasião dos 70 anos do fim do conflito na Europa.
Durante cerimônia em Holte-Stukenbrock, no norte da Alemanha, Gauck afirmou que "milhões de soldados do Exército Vermelho" foram mortos quando eram prisioneiros dos alemães. "Eles foram abatidos miseravelmente por doenças, passavam fome e foram assassinados", lembrou o chefe de Estado alemão.
O discurso foi feito num cemitério de soldados soviéticos próximo a um antigo campo de prisioneiros de guerra, onde soldados do Exército Vermelho capturados eram forçados a viver em buracos feitos no chão.
O campo de prisioneiros de Stalag 326 Senne abrigou mais de 300 mil prisioneiros, entre 1941 e 1945. Cerca de 65 mil deles morreram.
Gauck afirmou que, devido ao "tratamento cruel sofrido pelo total de 5,3 milhões de soldados soviéticos em cativeiro alemão", mais da metade deles morreu.
O presidente alemão lembrou os crimes dos nazistas e do Exército alemão, mas também citou o terror stalinista. "Quando um soldado soviético era feito prisioneiro, ele passava a ser considerado um desertor e um traidor", disse o presidente alemão, descrevendo a atitude da liderança soviética. "Por isso, quando a guerra terminou, muitos prisioneiros de guerra soviéticos libertados enfrentaram a prisão ou até mesmo a morte, quando retornaram."
Ele também agradeceu aos aliados ocidentais e à União Soviética, por terem, juntos, levado a Alemanha a se render, 70 anos atrás, libertando o país da ditadura nazista. "Nós, de gerações posteriores de alemães, temos todos os motivos para sermos gratos por esta luta abnegada dos antigos adversários no Oriente e no Ocidente. Isso tornou possível que hoje, na Alemanha, vivamos em liberdade e dignidade."
MD/dpa/epd/afp