Gaúchos convidam alemães a festejos da imigração
9 de março de 2004Uma delegação do Rio Grande do Sul, encabeçada pelo secretário da Cultura, Roque Jacobi, e o prefeito de São Leopoldo, Waldir Schmidt, cumpriu uma ampla programação na Alemanha nos últimos dias. Seu objetivo era duplo: apresentar as potencialidades do Estado à procura de novos investidores e divulgar as comemorações dos 180 anos da imigração alemã no Brasil.
"São Leopoldo festeja anualmente o 25 de julho, que é a data da chegada dos primeiros imigrantes alemães, originários da região do Hunsrück. Mas neste ano de 2004 nós vamos fazer uma grande festa para comemorar os 180 anos", diz Waldir Schmidt à DW-WORLD.
Alemães não sabem da emigração ao Brasil
Os alemães em geral desconhecem a grande influência alemã no sul do Brasil, e especialmente no Rio Grande do Sul, onde aproximadamente um terço da população tem ascendência alemã. "Eu tenho vindo muito à Alemanha – esta é a 14ª viagem – e em todos os lugares em que chego noto a curiosidade das pessoas, que perguntam como eu sei falar alemão, se sou brasileiro. Eu conto, e eles ficam muito surpresos ao saber que houve essa imigração há 180 anos", diz o prefeito da primeira cidade fundada por agricultores alemães no Brasil.
O secretário Roque Jacobi vê de forma muito positiva a iniciativa da visita à Alemanha que, partindo da comissão organizadora dos festejos em São Leopoldo, resultou numa missão oficial. "No Rio Grande do Sul, os municípios e as comunidades estão se organizando hoje a tal ponto que o poder público contribui, está presente, mas as grandes ações são iniciadas e construídas exatamente porque a sociedade quer", elogiou.
A contribuição alemã no RS
Perguntado sobre a contribuição dos alemães para o Rio Grande do Sul, o secretário destacou o esforço dos primeiros colonos que chegaram pobres e trabalharam com muita garra na agricultura e o espírito empreendedor que resultou na criação de várias indústrias. "Mas a grande contribuição que eu vejo que os alemães têm dado ao Rio Grande do Sul é que eles conseguiram desenvolver muito marcadamente determinadas regiões. Eles conseguiram trazer daqui o seu espírito de organização, a sua racionalidade, a sua vontade de querer realmente construir, crescer e progredir", precisou o político gaúcho.
Empenhada em impulsar o desenvolvimento, a prefeitura de São Leopoldo está criando dois novos distritos industriais e apresentou o potencial do município, com o intuito de despertar o interesse de empresários alemães que queiram se estabelecer no Brasil. O momento hoje seria favorável, segundo Waldir Schmidt (foto): "Em função dos altos custos de produção na Europa, eu acredito que a instalação de fábricas no Brasil vem ao encontro principalmente daqueles fabricantes que competem no mercado internacional".
Empresas alemãs
A mão-de-obra brasileira, boa e barata, aliada à tecnologia e ao know-how alemães resultariam em excelentes condições de competitividade no mercado mundial. "Tanto isto é verdade, que nós temos inúmeras empresas alemãs na cidade, como a Gedore, a fábrica de motosserras Stihl, a Bessey e agora está se instalando também uma fábrica de química fina, de Landstein, perto de Koblenz".
Com essa finalidade, a delegação, que iniciou sua viagem em Berlim, percorreu Düsseldorf, Hamburgo, Frankfurt, Mainz e Munique, entre outras cidades, mantendo contato com as Câmaras da Indústria e Comércio, as autoridades locais e estaduais.
Em Mainz, capital da Renânia-Palatinado, constatou-se algumas semelhanças entre os dois estados: ambos são os maiores produtores de vinho de seus países e com uma forte indústria de calçados. A principal empresa da Renânia-Palatinado, porém, é a Basf, que é responsável por boa parte das exportações do Estado ao Rio Grande do Sul.
Em 2002, o Estado alemão exportou mercadorias no valor de 215,5 milhões de euros ao RS, predominando produtos químicos e máquinas. Já o Rio Grande do Sul exportou principalmente soja, frutas e sucos para a Renânia-Palatinado, no total de 132,8 milhões de euros.