Gelo na Antártida está derretendo a velocidades recordes
14 de junho de 2018O derretimento das geleiras na Antártida está acelerando a um nível alarmante, e impressionantes 3 trilhões de toneladas de gelo já desapareceram do continente desde 1992, revelou um estudo publicado em edição especial da revista científica Nature nesta quarta-feira (13/06).
Registros de satélites feitos durante décadas por cientistas das universidades de Leeds, no Reino Unido, da Califórnia e de Maryland, nos Estados Unidos, expuseram a contínua perda de gelo para os oceanos. Desde 1950, 34 mil quilômetros quadrados de água congelada já derreteram.
Segundo o estudo, entre 2012 e 2017, o continente perdeu 219 bilhões de toneladas de gelo por ano – um ritmo quase três vezes maior do que os registrados antes de 2012. O índice representa uma ameaça para milhões de pessoas que vivem em áreas litorâneas.
As perdas de gelo na região elevaram o nível global dos oceanos em 7,6 milímetros desde 1992, sendo que dois quintos desse aumento (três milímetros) ocorreram nos últimos cinco anos.
Com uma área equivalente a dois Estados Unidos, a Antártida armazena água congelada suficiente para elevar o nível global dos mares em quase 60 metros, alertaram os cientistas.
Segundo a pesquisa, as plataformas de gelo dos mares de Amundsen – que já teve três quilômetros de espessura – e de Bellingshausen estão 18% mais finas do que no início dos anos 1990.
Andrew Shepherd, da Universidade de Leeds, explicou que o aumento das perdas de gelo na Antártida na última década fez com que o nível da água do mar subisse mais rapidamente do que em qualquer outro período nos últimos 25 anos, o que deve ser uma preocupação dos governos.
Somente a Antártida Ocidental perdeu 53 bilhões de toneladas de gelo por ano na década de 1990, passando para 159 bilhões a partir de 2012.
Desde o início do século, o extremo norte do continente também está perdendo anualmente 25 bilhões de toneladas de gelo. A única zona de equilíbrio, no leste, ganhou apenas cinco milhões de toneladas de gelo por ano ao longo dos últimos 25 anos.
O estudo envolveu 84 cientistas e 44 organizações, que combinaram 24 pesquisas por satélite. O trabalho é um dos mais de 150 estudos que tentam determinar o quanto de gelo o continente está perdendo, num fenômeno que é causado pelo aumento das temperaturas atmosféricas.
"Agora temos uma imagem inequívoca do que está acontecendo na Antártida", afirmou um dos principais autores do estudo, Eric Rignot, cientista da Nasa. "Enxergamos esses resultados como mais um sinal alarmante de que é preciso agir para frear o aquecimento do nosso planeta."
O cientista britânico Martin Siegert, que não participou do estudo, concordou que o resultado é "profundamente preocupante". "Parece que estamos a caminho de perdas substanciais de camadas de gelo nas próximas décadas, com consequências a longo prazo para o aumento do nível do mar."
"Se ainda não estamos em alerta para os perigos das mudanças climáticas, [esse estudo] pode servir como uma enorme chamada de emergência", concluiu o especialista.
EK/afp/ap/lusa
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