Não vacinadas correm mais risco de abortar, diz estudo
14 de janeiro de 2022Estudo estatístico realizado na Escócia indica que grávidas com covid-19 não somente correm mais risco de desenvolver quadro grave da doença mas também têm mais chance de perder seus bebês no ventre ou pouco após o parto, em comparação com outras gestantes que deram à luz durante a pandemia.
O trabalho, publicado nesta quinta-feira (13/01) pela revista científica Nature Medicine analisou os dados de todas as grávidas na Escócia, incluindo mais de 87 mil que gestaram entre o início da campanha de vacinação, em dezembro de 2020, e outubro de 2021.
A equipe liderada pela Universidade de Edimburgo aponta que as paciente de covid-19 no final da gravidez têm maior probabilidade de sofrer complicações, em comparação com as que adoecem nos estágios iniciais da gravidez ou que não contraíram o vírus.
Três quartos não eram vacinadas
A ocorrência de nascimentos prematuros, de natimortos ou de bebês mortos logo após o nascimento foi mais frequente entre as que adoeceram 28 dias ou menos antes do parto.
A "maioria das complicações", que também inclui internações em unidades de terapia intensiva relacionadas à covid-19, ocorreu em gestantes não vacinadas, de acordo com o estudo.
Os pesquisadores dizem não ser possível dizer se a covid-19 contribuiu diretamente para as mortes ou para os partos prematuros, pois não tiveram acesso aos registros médicos detalhados de cada mulher.
A principal autora da pesquisa, Sarah Stock, da Universidade de Edimburgo, afirmou, em entrevista coletiva virtual que, desde o início do programa de vacinação, 77% dos casos de covid-19 em gestantes correspondiam a mulheres não vacinadas e que as hospitalizações e internações em UTI foram "substancialmente mais comuns" nesse grupo.
Em contrapartida, destacou que apenas 3% das internações hospitalares e 1% das pacientes em unidades de terapia intensiva estavam totalmente vacinadas.
Cerca de 12% dos casos de covid-19 no grupo examinado ocorreram em gestantes que receberam apenas uma dose da vacina ou que foram diagnosticadas com a doença menos de 14 dias após a segunda dose.
"Vacina protege mãe e bebê"
A mensagem principal é que "a vacinação é a maneira mais segura e eficaz para as mães protegerem a si mesmas e a seus bebês da infecção", afirmou o pesquisador Aziz Sheikh, também autor do estudo.
A equipe analisou dados sobre mortes perinatais estendidas, ou seja, a morte de um bebê no útero após 24 semanas de gravidez ou nos primeiros 28 dias após o nascimento.
Essa taxa de mortalidade entre bebês nascidos nos 28 dias seguintes ao desenvolvimento da covid-19 por suas mães foi de 23 por mil nascimentos. A parcela equivale a quase quatro vezes a taxa de mortalidade perinatal na Escócia durante a pandemia, independentemente de a mãe ter tido covid-19 ou ter sido vacinada, que foi de seis por mil nascimentos.
Todas as mortes infantis ocorreram em mulheres que não eram vacinadas no momento da infecção, conforme o estudo. Além disso, cerca de 17% dos partos no período de 28 dias após a infecção foram prematuros, mais de três semanas antes da data prevista. Em comparação, a taxa geral de nascimentos prematuros na mesma época foi de 8%.
Das mulheres que deram à luz na Escócia em outubro de 2021, somente 32% estavam com o ciclo vacinal completo (mais de 14 dias desde a segunda dose), em comparação com 77% da população feminina geral de 18 a 44 anos.
Um total de 4.950 casos de covid-19 foram contabilizados na Escócia em gestantes desde o início do programa de vacinação, sendo 77% desses casos foram em mulheres não vacinadas.
Stock acrescentou que os dados da pesquisa "reforçam a evidência de que a vacinação na gravidez não aumenta o risco de complicações na gravidez, mas a covid-19, sim".
md/av (EFE, ots)