Indústria automotiva
27 de fevereiro de 2009Em uma reunião do Conselho de administração nesta sexta-feira (27/02), a direção da Opel apresentou aos representantes dos trabalhadores da empresa um conceito para o futuro da montadora alemã com sede em Rüsselsheim.
A direção propôs transformar a Opel em uma sociedade europeia independente, informou o presidente da matriz europeia da General Motors (GM), Carl-Peter Forster. Como única proprietária da Opel, a GM pretende ceder, a princípio, de 25% a 50% de participação a novos proprietários.
Segundo Fortster, a GM pretende colocar à disposição da nova empresa 3 bilhões de euros em patentes e patrimônio. Uma redução da GM a acionista minoritária não foi excluída. No entanto, a Opel deverá continuar fazendo parte do consórcio internacional General Motors para ter acesso a peças e tecnologia.
A nova empresa deverá englobar as marcas Opel e Vauxhall, mantendo todas as suas unidades de produção. A marca sueca Saab, no entanto, não será incluída. A central da nova empresa deverá ser na Alemanha, acrescentou Forster.
Plano claro e sustentável de recuperação
O plano será agora apresentado ao governo federal em Berlim. Com vista à atual crise na indústria automobilística, a montadora se volta ao setor público, à procura de investidores e, segundo Forster, a participação estatal poderia ser uma solução interina até que a situação econômica melhore. O governo alemão havia exigido da Opel um plano claro e sustentável de recuperação.
Neste sábado, o ministro alemão da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, pretende discutir o plano com os governadores dos estados que sediam fábricas da empresa. Segundo Forster, A Opel terá uma demanda financeira e de capital da ordem de 3,3 bilhões de euros nos próximos dois anos.
Subsidiária da GM desde 1929
O Conselho de Empresa já havia declarado que o desmembramento parcial da abalada General Motors (GM) seria a única forma de salvar a montadora alemã, que é subsidiária da GM desde 1929. Hoje, a Opel mantém quatro unidades no país: Bochum, Kaiserslautern, Eisenach e Rüsselsheim.
Em 2008, devido à crise financeira e a uma malograda política de vendas, a matriz GM passou a enfrentar ameaças de liquidez. Ao longo do ano passado, a Opel viu sua parcela de mercado cair para 7,2%. Temendo a insolvência da matriz, a empresa pediu ajuda ao governo federal alemão em novembro último. A decisão de apoiar ou não a empresa, no entanto, foi adiada para este ano.
Em fevereiro de 2009, a General Motors anunciou o corte de 47 mil empregos em todo o mundo, 26 mil dos quais fora dos Estados Unidos. Em seus planos de saneamento, a GM chegou a especular o fechamento de unidades na Europa. Para assegurar os mais de 25 mil postos de trabalho na Alemanha, os empregados da montadora passaram a exigir um desmembramento da matriz.
Exigência de maior independência da Opel
Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro alemão da Economia, considera difícil o desmembramento da Opel da matriz norte-americana. Em Berlim, ele explicou que sobretudo a interdependência tecnológica seria um problema.
Segundo a edição de sexta-feira do Frankfurter Allgemeine Zeitung, a GM detem os direitos de todas as patentes da Opel. Se estes não forem comprados de volta ou retransferidos, uma independência produtiva por parte da Opel seria impossível, explicou o jornal.
Países da União Europeia (UE) também deverão opinar na luta de sobrevivência da Opel. O porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm, afirmou nesta sexta-feira em Berlim que, tratando-se de uma empresa tão ramificada na Europa como a GM, serão necessárias intensas negociações com os países onde existam pólos de produção. No continente europeu, a GM mantém fábricas na Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Polônia, Portugal, Suécia e Espanha.