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Para conhecer o mercado

31 de outubro de 2011

Gigante da internet investirá 4,5 milhões de euros para conhecer melhor a sociedade alemã, onde frequentemente encontra entraves. Críticos levantam questionamento sobre independência dos estudos.

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Instituto vai pesquisar assuntos como direitos autorais e mobilizações políticas via net
Instituto vai pesquisar assuntos como direitos autorais e mobilizações políticas via netFoto: AP

O gigante da internet Google tem declarado que ainda precisa aprender bastante sobre a sociedade para a qual oferece serviços. Na Alemanha, onde conflitos entre o público e a empresa têm ocorrido com certa frequência, esta necessidade parece ser ainda maior. Por isso, o Google criou agora na Alemanha uma instituição científica para pesquisar sobre a internet.

A companhia está investindo 4,5 milhões de euros no Instituto para Internet e Sociedade da Universidade Humboldt de Berlim (HIIG, na sigla em alemão). "Queremos entender como a internet muda o nosso mundo, e aqui podemos pesquisar de maneira interdisciplinar", explica o jurista Ingolf Pernice, um dos quatro diretores do instituto recém-criado.

Muitos alemães ficaram contrariados por serem fotografados nas ruas do país pelo Google Street View. Usuários também reclamaram quando não puderam usar pseudônimos no site de relacionamento do Google. Não raro, responsáveis na Alemanha pela proteção de dados criticam os padrões adotados pela empresa, que tem sede na Califórnia.

Entre as questões a serem respondidas pelo instituto estão direitos autorais, mobilização política e as novas transformações do público. Juristas, especialistas em mídia e cientistas políticos irão se ocupar com estes temas.

Além da Universidade Humboldt, também participaram da criação do HIIG a Universidade das Artes e o Centro Científico para Pesquisas na Área Social de Berlim. Também o Instituto Hans Bredow de Hamburgo vai cooperar com o HIIG.

Pesquisas independentes

O Google Streetview contrariou muitos alemães
O serviço Google Street View contrariou muitos alemãesFoto: google

Com um ganho trimestral de 2,73 bilhões de dólares, o Google pode se dar ao luxo de aplicar recursos em um projeto como este. Sobre as acusações de que estaria estendendo seus "tentáculos" a institutos independentes de pesquisa, a empresa se defende: "Demos o empurrão para criar o instituto e disponibilizamos o dinheiro", afirmou Ralf Bremer, porta-voz do Google. "E agora aguardamos os resultados".

Bremer nega qualquer influência sobre o conteúdo ou resultado das pesquisas, ou que tenha havido acordos sobre publicações de realizados. "Se o instituto encontrar resultados que critiquem o Google, tudo bem, o importante é o debate".

Um fato que chama a atenção é a frequência com que se ressalta a independência dos trabalhos de pesquisa. Para garantir isso, foram criadas duas entidades separadas: a sociedade de pesquisa e a sociedade de incentivo. Outros apoiadores estão sendo buscados.

Este não é o único caso na Alemanha em que recursos privados financiam pesquisas científicas. A Associação para a Ciência Alemã registra mais de 600 disciplinas bancadas por empresas. Os pesquisadores, no entanto, são estimulados a buscar também investimentos de terceiros. Aqueles que conseguem estes financiamentos têm uma boa imagem em suas universidades, mas ao mesmo tempo precisam lutar contra a desconfiança de que estariam trabalhando em favor de interesses particulares.

Já houve casos em que o patrocinador reivindicou interesse próprios nas pesquisas. É o caso do Deutsche Bank – que repassava 3 milhões de euros anualmente para uma cadeira de estudos de finanças, sobre a qual a instituição financeira conseguiu garantir uma série de direitos, como, por exemplo, influência sobre a escolha do corpo docente e sobre publicações científicas.

Apesar da forte crítica pública, a universidade e o banco insistiram que a independência das pesquisas não foi afetada.

Autor: Heiner Kiesel (msb)
Revisão: Francis França