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Brasil diz que comprará o máximo possível de diesel russo

13 de julho de 2022

Em visita à ONU, ministro das Relações Exteriores afirma que Rússia é fornecedor "seguro e confiável" e que Brasil vai adquirir "tanto quanto puder" de diesel do país. Bolsonaro já havia mencionado acordo com Moscou.

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Caminhões em rodovia
Preço dos combustíveis é tema sensível politicamente para a campanha à reeleição de BolsonaroFoto: Carla Carniel/REUTERS

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse nesta terça-feira (12/07) que o Brasil quer comprar o máximo possível de diesel da Rússia, e um acordo estaria sendo negociado com o país para adquirir o combustível a um preço mais barato.

França deu a declaração após ser questionado sobre o tema durante uma visita à sede da ONU em Nova York. Ele afirmou que o Brasil busca fornecedores de diesel "seguros e confiáveis", a fim de garantir que o agronegócio e os motoristas brasileiros tenham combustível suficiente.

"Dependemos muito das exportações de fertilizantes da Rússia e de Belarus também. E é claro, a Rússia é um grande fornecedor de petróleo e gás. Você pode perguntar isso para a Alemanha. Pode perguntar isso para a Europa. Então o Brasil, nós estamos com pouco estoque disso", afirmou o ministro aos jornalistas.

Questionado sobre a quantidade de diesel que o governo brasileiro espera comprar de Moscou, França respondeu: "Tanto quanto pudermos."

Carlos França, ministro das Relações Exteriores
Questionado sobre fazer negócios com um país que atualmente conduz uma guerra, Carlos França respondeu: "Talvez devesse perguntar ao senhor Scholz sobre isso"Foto: Marcos Correa/Palacio Planalto/picture alliance

O chanceler ainda voltou a mencionar a Alemanha quando questionado sobre o fato de fazer negócios com um país que atualmente conduz uma guerra contra um vizinho, a Ucrânia, em violação à Carta das Nações Unidas.

"Talvez devesse perguntar ao senhor Scholz sobre isso, e depois eu responderei", disse ele, referindo-se ao chanceler federal alemão, Olaf Scholz, cujo país é altamente dependente das importações russas de energia.

França disse não acreditar que os planos brasileiros de adquirir combustível russo tenham alguma repercussão no Ocidente. "A Rússia é um parceiro estratégico do Brasil. Somos parceiros no Brics", disse ele sobre o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Bolsonaro já havia mencionado compra

Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro – que se reuniu com o líder russo, Vladimir Putin, em Moscou poucos dias antes da invasão da Ucrânia em fevereiro –  já havia afirmado que o governo estava perto de concluir um acordo para comprar diesel mais barato da Rússia.

"Quando fui à Rússia comprei fertilizantes para o agronegócio e agora está quase fechado um negócio para comprarmos diesel mais barato da Rússia", disse o presidente a um grupo de apoiadores em Brasília.

O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas não em combustíveis. Em 2021, o país importou 23% do diesel e 8% da gasolina que consumiu.

O descontentamento da população com os altos preços dos combustíveis tem prejudicado os esforços de reeleição de Bolsonaro, que aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto. No final de junho, Bolsonaro sancionou uma lei complementar que limitou a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis, o que provocará a redução do valor cobrado dos motoristas. 

Postura sobre a guerra

Além disso, Bolsonaro, que mantém uma relação amistosa com Putin, tem adotado uma posição relativamente equilibrada em relação à guerra na Ucrânia, embora tenha visitado Moscou poucos antes da invasão e dado declarações dúbias sobre o tema.

O presidente não chegou a condenar a invasão russa do país vizinho como os países ocidentais, mas não está tão alinhado com seus parceiros de Brics quando se trata de críticas duras às sanções internacionais aplicadas contra Moscou.

Na cúpula anual do Brics no fim de junho, por exemplo, Bolsonaro optou por um discurso mais comedido, evitando se posicionar sobre o conflito, e disse somente que os países deveriam priorizar o "exercício diplomático que produza prosperidade e paz".

Em fevereiro, China, Índia e África do Sul se abstiveram de votar em uma resolução das Nações Unidas condenando a invasão russa, enquanto o Brasil votou a favor da resolução.

ek/bl (Agência Brasil, Reuters, Lusa, ots)