Governo federal dos EUA executa primeira mulher em 67 anos
13 de janeiro de 2021Autoridades federais americanas executaram na madrugada desta quarta-feira (13/01) a primeira mulher em 67 anos, após a Suprema Corte do país eliminar o último entrave que impedia a execução e depois da rejeição de um pedido de clemência feito ao presidente Donald Trump.
Lisa Montgomery foi condenada em 2007 pelo sequestro e assassinato por estrangulamento de Bobbie Jo Stinnett, que estava no oitavo mês de gravidez. A agressora ainda removeu o feto do útero da vítima. A criança sobreviveu.
Recursos foram impetrados em vários tribunais para impedir a execução, que inicialmente estava marcada para esta terça-feira na Câmara de execuções do Departamento de Justiça em Terre Haute, estado de indiana. Montgomery, de 52 anos, recebeu uma injeção letal do poderoso barbitúrico pentobarbital.
A advogada de Montgomery, Kelley Henry, considerou a execução como "um exercício cruel, ilegal e desnecessário de poder autoritário”. "Ninguém contestou de modo crível a debilidade mental de longa data de Montgomery, diagnosticada e tratada pela primeira vez pelos médicos do próprio Departamento Prisional”, observou.
Segundo o Departamento de Justiça, alguns familiares de Stinnett estiveram no local para testemunhar a execução, a primeira de uma mulher pelo governo federal dos Estados Unidos desde 1953.
As execuções federais nos EUA estiveram paralisadas durante 17 anos, com apenas três homens executados desde 1963. A prática foi retomada no ano passado. O presidente Donald Trump já havia deixado claro seu posicionamento em defesa da pena capital, antes mesmo de entrar para a política.
A execução de três outros condenados nos últimos dois meses também quebrou uma tradição de 130 anos nos Estados Unidos de interromper a aplicação de penas capitais durante uma transição presidencial.
Execuções aumentam durante governo Trump
Os advogados de Montgomery pediram clemência ao presidente na semana passada, ao afirmarem que ela cometeu o crime após ser repetidamente abusada e estuprada pelo padrasto e seus amigos durante a infância. Eles pediam a comutação para uma pena de prisão perpétua.
Esta foi uma das três execuções que o Departamento de Justiça programou para a última semana de Trump na presidência. As duas outras, marcadas para esta quinta e sexta-feira, foram adiadas após um juiz em Washington permitir que os dois condenados por assassinato possam se recuperar da covid-19.
A morte de Montgomery foi a primeira em 2021 e a 11ª desde o ano passado. Em 2020, as autoridades federais executaram dez pessoas. Já autoridades estaduais executaram sete pessoas ao longo do ano passado. Foi a primeira vez que o governo federal executou mais condenados do que todos os estados americanos somados, segundo o Centro de Informações sobre a Pena de Morte.
Ao contrário de Trump, o presidente eleito, Joe Biden, é contra a pena de morte e poderá suspender todas as execuções durante seu governo.
RC/rtr/dpa/afp