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Palestina

28 de abril de 2011

Rivais históricos, os grupos palestinos Hamas e Fatah decidem formar governo interino e anunciam a realização de eleições gerais. Israel desaprova o acordo e teme que o Hamas passe a controlar toda a região palestina.

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Palestinos comemoram reconciliação entre Fatah e HamasFoto: ap

Os grupos palestinos Hamas e Fatah concordaram em colocar fim à sua rivalidade. Eles acertaram a formação de um governo provisório no território palestino e a realização de eleições gerais em até um ano. O acordo foi fechado na noite desta quarta-feira (27/04) no Cairo, no Egito.

"Concordamos em formar um governo composto com figuras independentes que começará os preparativos para as próximas eleições presidencial e parlamentar", comentou Azzam Al-Ahamad, que liderou as negociações pelo Fatah.

O movimento islâmico Hamas venceu inesperadamente as eleições legislativas em 2006, acabando com o tradicional domínio do Fatah. O fato despertou um conflito violento entre as duas partes e culminou com a tomada violenta do controle da Faixa de Gaza pelo Hamas, em 2007. Desde então, o Hamas controla a Faixa de Gaza e o Fatah, a Cisjordânia. Uma nova votação está há vários meses atrasada.

Reações pelo mundo

O incômodo de Israel ressoou de imediato. O governo israelense afirmou que o acordo não vai assegurar a paz no Oriente Médio. "A Autoridade Palestina precisa escolher entre a paz com Israel ou a paz com o Hamas. Não há a possibilidade de se viver em paz com ambos", argumentou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Em Ramalhah, na Cisjordânia, o porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que a reconciliação entre os dois grupos não é assunto para Israel. "Netanyahu precisa escolher entre uma paz justa com a população palestina unida e os assentamentos."

Marsuk Al-Ahmed nahost
Mediadores de Fatah e Hamas anunciam acordo no Cairo

Nesta quinta-feira, o ministro israelense do Exterior, Avigdor Lieberman, disse que Abbas "cruzou a linha vermelha" ao negociar com o Hamas. "Todos os prisioneiros do Hamas presos na Judeia e na Samaria serão libertados em pouco tempo, o que significa que teremos centenas de terroristas circulando pela Cisjordânia", afirmou, comentando um dos pontos do acordo.

Lieberman exigiu que a comunidade internacional apenas reconheça um governo palestino interino que cumpra três exigências: o reconhecimento da existência de Israel, a renúncia à violência e o apoio aos acordos de paz já firmados.

O ministro israelense disse ainda acreditar que o movimento islâmico Hamas vencerá as próximas eleições palestinas e assumirá também o comando da Cisjordânia, depois de já ter ganhado o domínio da Faixa de Gaza.

A Casa Branca, por sua vez, afirmou que o Hamas é uma organização terrorista e exigiu as mesmas condições citadas por Lieberman para que haja reconhecimento do governo interino naquela região.

Já no Irã a notícia foi bem recebida. "Esse é um passo positivo no sentido da realização dos objetivos históricos da oprimida nação Palestina", comentou nesta quinta-feira o ministro iraniano do Exterior, Ali-Akbar Salehi.

Tempo de mudanças

O anúncio do acordo causou surpresa e acontece num período de intensa movimentação popular no mundo árabe. Especialistas acreditam que a saída de Hosni Mubarak da presidência do Egito possa ter influenciado a reconciliação entre Fatah e Hamas. Mubarak era um tradicional aliado dos Estados Unidos e não tinha paciência para negociar com o Hamas.

A situação complicada na Síria, que abriga parte da liderança do Hamas, também teria influenciado o grupo a tentar acabar com o seu isolamento na Faixa de Gaza, região de fronteira com Israel e Egito.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, depende da ajuda do Ocidente para formar instituições estatais com vistas a uma possível formação do Estado palestino.

Abbas espera que as Nações Unidas reconheçam ainda em setembro o Estado independente com base na demarcação do território de 1967, que incluiu áreas atualmente ocupadas por Israel.

As negociações de paz entre israelenses e palestinos estão paralisadas desde o ano passado.

NP/rts/dpa
Revisão: Alexandre Schossler