Grécia enfrenta negociações difíceis em Bruxelas
20 de fevereiro de 2015O tempo está se esgotando para a Grécia. A uma semana do prazo final para a extensão do programa de resgate financeiro ao país, ainda não há acordo sobre o um novo pacote de ajuda. O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, enfrenta nesta sexta-feira (20/02) difíceis negociações com seus colegas europeus.
A Grécia enviou na quinta-feira ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, uma carta solicitando a extensão do financiamento europeu e afirmando que Atenas se comprometeria a honrar suas dívidas e a não adotar medidas unilaterais que pudessem minar metas fiscais acordadas.
Em Berlim, a proposta grega foi rapidamente rejeitada pelo ministério das Finanças. Martin Jäger, porta-voz do ministro Wolfgang Schläuble, afirmou que "a carta de Atenas não propõe soluções substanciais" para o impasse com os parceiros europeus.
"A carta não satisfaz os critérios estabelecidos pelo Eurogrupo", disse Jäger. Em um documento oficial a que o governo grego teve acesso, autoridades alemãs chamaram a proposta grega de "um cavalo de Troia" com a intenção de acabar com o programa atual.
Em uma longa conversa telefônica com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, nesta quinta-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tentou acalmar os ânimos. O objetivo do telefonema entre os dois líderes era de "encontrar uma solução mútua e benéfica para a Grécia e para a zona do euro", segundo uma fonte do governo grego, ressaltando que a conversa ocorreu em um "clima positivo".
O telefonema entre Merkel e Tsipras ajudou a acalmar os mercados financeiros, que acompanham de perto o desenrolar da reunião desta sexta-feira.
Experiência portuguesa
A ministra portuguesa das Finanças, Maria Luís Albuquerque, exige que Atenas cumpra com suas obrigações. "Há um quadro dentro do qual estamos dispostos a trabalhar com o governo grego", afirmou a ministra ao jornal alemão Handelsblatt, ressaltando que este quadro é o programa já existente.
Ela conta que, em 2011, após a mudança de governo em Portugal em plena crise do euro, o país propôs ajustes ao programa que já estava em prática. "Esse caminho também está aberto à Grécia. Sabemos por experiência própria que essas medidas são duras", afirmou.
Os Estados Unidos também pressionaram a União Europeia e a Grécia para que as duas partes cheguem a um acordo, alertando que para tal será necessário um "comprometimento vigoroso dos dois lados". Uma autoridade do Tesouro americano afirmou que um entendimento "é importante para o euro e para a economia global".
RC/dpa/afp