Grécia pode trocar interlocutor junto a credores
28 de abril de 2015O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, decidiu realizar mudanças nesta segunda-feira (27/04) em sua equipe de negociação com credores europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), manobra vista como uma maneira de afastar o ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, da linha de frente das conversas.
Contrário a medidas de austeridade, Varoufakis vem enfrentando duras críticas, especialmente após sair de um encontro com ministros da zona do euro em Riga, na semana passada, isolado e de mãos vazias, num momento em que a Grécia se aproxima de uma bancarrota.
Um funcionário do governo contou à agência de notícias Reuters que Varoufakis deverá apenas supervisionar uma nova equipe criada para negociar reformas com os credores. O coordenador deste grupo deve ser o vice-ministro grego do Exterior, Euclid Tsakalotos, aliado próximo de Tsipras e com boa entrada entre os credores.
Apesar de permanecer como chefe das finanças gregas, Varoufakis, acusado em Riga de levar seu país "para a direção errada", deve perder um de seus homens de confiança no ministério, que deverá ser substituído por Nikos Chouliarakis – que já trabalhou com o FMI, a UE e o Banco Central Europeu.
"Todo mundo vai respirar aliviado quando vir Chouliarakis como representante grego", disse um funcionário do Ministério de Finanças à agência de notícias DPA.
O remanejamento na equipe de negociação foi bem recebido por representantes da zona do euro. Segundo um funcionário do grupo, a maneira com a qual Varoufakis vinha se comportando "representava um obstáculo a mais nas negociações com a Grécia".
Disposição em implementar reformas
Após telefonemas no domingo com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, Tsipras teria se mostrado disposto a negociar.
Segundo notícias divulgadas na imprensa grega, o primeiro-ministro estaria finalmente pronto para cortar fundos de pensão, acelerar privatizações e elevar o Imposto sobre Valor Agregado em ilhas de luxo, como Mykonos e Santorini. Estas propostas devem ser apresentadas à União Europeia e ao FMI em breve.
A Grécia enfrenta um calendário apertado na tentativa de honrar suas dívidas e permanecer na zona do euro. O país precisa entregar até o fim deste mês uma lista de reformas para conseguir a liberação de 7,2 bilhões de euros, última parcela do pacote de ajuda financeira ao país.
MSB/afp/dpa/rtr