110 bilhões em ajuda
2 de maio de 2010Os ministros das Finanças da zona do euro aprovaram neste domingo (02/05), em Bruxelas, um plano de ajuda à Grécia de 110 bilhões de euros em três anos, anunciou o presidente do grupo de moeda comum, Jean-Claude Juncker.
Os países da zona do euro irão disponibilizar 80 bilhões de euros e o Fundo Monetário Internacional (FMI), 30 bilhões. A Alemanha irá participar com 22,4 bilhões de euros nos próximos três anos, disse o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, após a reunião com seus colegas de pasta em Bruxelas neste domingo.
A ajuda será ratificada num encontro extraordinário de cúpula dos chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE) na próxima sexta-feira (7/05) em Bruxelas, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
Grécia promete mais austeridade
Para receber a ajuda internacional, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, anunciou na manhã de domingo em Atenas um plano de austeridade para economizar 30 bilhões de euros nos próximos três anos.
A promessa foi fruto de uma negociação iniciada em 21 de abril com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE). Com a ajuda internacional, o déficit público de Atenas deverá ser reduzido dos atuais 13,6% para 3%.
Para os 11 milhões de gregos, as consequências imediatas são novos aumentos de impostos e cortes salariais. Segundo o ministro grego das Finanças, George Papaconstantinou, os cortes nos vencimentos dos funcionários e servidores públicos serão de 8% (em março, houve uma redução de 7%).
Diferentemente da maioria dos países da União Europeia (UE), suplementos salariais e bonificações perfazem 80% dos vencimentos mensais do setor público na Grécia. Tais extras já haviam sido reduzidos em março último.
O Imposto sobre Valor Agregado irá subir pela segunda vez em 2010, de 21% para 23%. Pela terceira vez neste ano, os impostos sobre imóveis de luxo, carros de luxo e piscinas serão aumentados. O imposto sobre tabaco, bebidas alcoólicas e combustíveis terá um aumento de 10%.
Papandreou otimista
"Não é hora de pensar nos custos políticos", disse o primeiro-ministro, que prometeu fazer de tudo para a Grécia reencontrar seu caminho. Pouco antes, numa reunião com seus ministros, o premiê havia dito que a "tarefa principal é o salvamento da pátria". "Temos anos difíceis pela frente (…), mas vamos conseguir", disse Papandreou.
Em comunicado expedido neste domingo, o Banco Central Europeu saudou o "o ambicioso" plano de austeridade negociado entre a Grécia, a União Europeia e o FMI, considerando que "contempla as relevantes mudanças de política de uma forma decisiva", pelo que vai "ajudar a restaurar a confiança e a salvaguardar a estabilidade financeira na zona euro".
Também o comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia, Olli Rehn, elogiou o novo pacote de austeridade planejado pela Grécia, que qualificou de "amplo e convincente".
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, manifestou-se confiante que o euro vai manter-se estável com a aplicação do "muito ambicioso" plano de austeridade aceito pela Grécia para receber ajuda internacional.
"Penso que esse programa é a única possibilidade que temos de voltar a garantir a estabilidade do euro", disse Merkel. A chefe do governo alemão considerou o plano "exigente" e de longo prazo, que faz com que a Grécia tenha pela frente um caminho "difícil, mas inevitável". Merkel disse também que vai se esforçar para que a ajuda alemã à Grécia seja liberada na próxima sexta-feira.
RW/dw/lusa/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque