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SociedadeEspanha

"Guerra ao racismo": o caso Vini Jr. na imprensa europeia

23 de maio de 2023

Jornais afirmam que LaLiga tem problema de racismo, que ofensas ao jogador brasileiro envergonham a grande maioria dos espanhóis e apontam futebol como reduto racista.

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Vini Jr e Antonio Rudiger, em partida do Real Madrid
Antonio Rudiger tenta acalmar o brasileiro Vini Jr., que foi alvo de ofensa racista em ValênciaFoto: Alberto Saiz/AP/picture alliance

El País - "LaLiga tem um problema", 23/05

A razão está com Vinícius. O jogador teve que suportar ataques verbais, insultos e gritos de natureza claramente racista proferidos por setores de várias arquibancadas da Espanha. A ofensa não atinge apenas Vinícius, pois é extensível à grande maioria dos espanhóis, envergonhados por práticas execráveis ​​que ainda não encontraram remédio eficaz e que não aconteceram no Mundial do Catar ou em outras competições internacionais. As denúncias (até nove) apresentadas por LaLiga perante os tribunais são louváveis, ​​apesar da sua pequena eficácia, como também o canal de denúncias no seu site não surtiu o efeito desejado. Seu presidente, Javier Tebas, voltou a exibir um tom entre desafiador e puramente arrogante ao intervir no debate repreendendo o jogador e até sugerindo uma possível corresponsabilidade de Vinícius, enquanto perfis tão diversos quanto os treinadores do Real Madrid e do Barcelona condenaram os insultos sem paliativos. Ancelotti até mesmo afirmou que "LaLiga tem um problema".

El Mundo - "O futebol não pode ser um reduto no qual se tolere o racismo"

Os insultos racistas que o jogador do Real Madrid Vinícius Júnior recebe em várias partidas nas competições nacionais são comportamentos inaceitáveis ​​que devem ser punidos. A Espanha é um dos países mais avançados do mundo em matéria de direitos individuais e antidiscriminação, como creem as organizações internacionais de maior prestígio. No entanto, episódios como este revelam que os estádios de futebol persistem como um reduto em que se tolera o que em qualquer outro âmbito da sociedade se combate com determinação. Essa permissividade em relação à violência e à agressividade se reflete no protocolo de combate ao racismo nos estádios, muito menos contundente na Espanha do que em outras ligas de alto nível.

Público - "Vinícius Júnior em guerra com o campeonato 'dos racistas'", 22/05

Não é apenas mais um capítulo na já longa história de comportamentos racistas no desporto e, em Espanha, está a ganhar proporções de grandes dimensões, motivando a abertura de um processo da Justiça espanhola por "alegado crime de ódio". A deslocação do Real Madrid a Valência terminou em mais uma derrota dos madridistas, mas, acima de tudo, na revolta de Vinicius Júnior, alvo de insultos por adeptos valencianos no Mestalla. O internacional brasileiro, que acabou expulso, foi contundente na reacção, dizendo que "o campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas".

La Repubblica - "Brasil contra a Espanha por insultos a Vinicius. Gritos racistas em estádios agora são uma questão política", 23/05

Os gritos racistas contra Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, viraram assunto de Estado no Brasil. Alvo de ofensas cada vez mais violentas ao longo da temporada, o jogador finalmente explodiu no último domingo quando se gritou nas arquibancadas do Valência: "Macaco, macaco!". Vini, como o chamam, não aguentou a tensão. Ele se rebelou e pediu a intervenção do árbitro.

Frankfurter Allgemeine Zeitung - "'Ele me chamou de macaco'", 22/05

Nenhum outro jogador de pele escura é tão hostilizado na Espanha como Vinicius Junior. O jogador do Real Madrid faz duras acusações à LaLiga.

Vinícius Júnior já está acostumado. Quando ele desceu do ônibus diante do estádio Mestalla, em Valência, torcedores do Valencia gritaram a plenos pulmões: "Vinícius é um macaco". Isso acontece com frequência em jogos do Real, e não só do lado de fora do estádio. Em Valência, o brasileiro perdeu a paciência. Toda a equipe ficou do lado de Vinícius. A Espanha tem, agora, um amplo debate sobre racismo.

as/lf (ots)