Guerras fizeram de 2017 pesadelo para crianças, diz Unicef
28 de dezembro de 2017O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou nesta quinta-feira (28/12) para ataques contra crianças pelo mundo. De acordo com a entidade, 2017 foi um dos piores anos para menores em áreas de conflito e cidades sitiadas.
Menores não somente foram mortos e mutilados em combates, mas também sofreram recrutamentos forçados, foram alvo de violência sexual, mutilações e usados como escudos humanos ou como bombas ambulantes.
Em 2017, as crianças foram vítimas de ataques "em uma escala espantosa devido ao desprezo total às normas internacionais que protegem os mais fracos", disse a agência da ONU, em uma avaliação do ano que termina.
"As crianças estão sendo alvos e estão sendo expostas a ataques e violência brutal em suas casas, escolas e áreas em que brincam", disse o diretor dos programas de emergência do Unicef,
Manuel Fontaine. "O mundo não pode permanecer insensível a esses ataques”, acrescentou.
Menores são vítimas de grupos armados rebeldes, de práticas ilegais de determinados exércitos, grupos terroristas, de minas e munições não detonadas, deixadas para trás pelos combatentes em lugares como a Síria, Ucrânia e outros cenários de guerra.
Afeganistão e Iêmen
De acordo com os dados compilados pelo Unicef este ano, 700 crianças foram mortas no conflito no Afeganistão nos primeiros nove meses do ano, enquanto no Iraque e na Síria elas foram usadas regularmente como escudos humanos, vítimas de cerco armado, alvos de atiradores, além dos anos que já vivem em meio à violência e sob bombas.
No Iêmen, os dados que foram verificados indicam que 5 mil crianças foram mortas ou feridas nos mil dias de conflito armado entre uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita e os rebeldes da comunidade xiita houthi. E teme-se que o número real de crianças iemenitas afetadas seja muito maior.
O conflito no Iêmen causou uma grave crise humanitária, que faz com que 1,8 milhão de crianças se encontrem malnutridas, das quais cerca de 400 mil estão gravemente desnutridas e devem receber tratamento para que tenham chance de sobreviver.
Em Myanmar, as crianças da minoria muçulmana rohingya sofreram uma violência generalizada nos últimos meses e testemunharam a destruição de suas aldeias, sendo obrigadas a sair de suas comunidades, indo principalmente para campos de refugiados em Bangladesh.
O Unicef acredita que em áreas remotas do estado de Rakáin, no noroeste do país, onde o povo rohingya têm vivido historicamente, as crianças continuam sofrendo diante das tensões que persistem entre o Exército birmanês e grupos armados formados sob bases étnicas.
África
Na África, a extensão do conflito interno na República Democrática do Congo para a região central do Kasai causou o deslocamento forçado de 850 mil crianças, que também são afetadas pela destruição em 400 escolas e 200 centros de saúde.
Nesta área do país, que até agora não tinha sofrido o impacto do conflito interno prolongado que atingiu toda a parte oriental do país, 350 mil sofrem de desnutrição grave.
No nordeste da Nigéria e em Camarões, o grupo jihadista Boko Haram forçou pelo menos 135 crianças a realizar ataques suicidas este ano, cinco vezes mais do que no ano passado.
No Sudão do Sul, onde o conflito interno e o subsequente colapso da economia levaram à fome em várias partes do país, mais de 19 mil crianças foram recrutadas à força para participar dos combates e mais de 2.300 resultaram mortas desde que os combates começaram, há quatro anos.
Na Europa, especificamente no leste da Ucrânia, 220 mil crianças vivem sob a ameaça constante de minas e dispositivos explosivos abandonados em todos os lugares, e em que as crianças muitas vezes tropeçam ou simplesmente manuseiam, como se fossem brinquedo.
MD/efe/dpa
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