Gui Boratto
20 de outubro de 2011
Lançar discos por um dos mais respeitados selos de música eletrônica do planeta; tocar para grandes multidões em clubes como Pacha, em Ibiza, ou Fabric, em Londres; remixar artistas como Pet Shop Boys, Goldfrapp e Robbie Williams: a trajetória de Gui Boratto é a realização dos sonhos de qualquer produtor de música eletrônica no Brasil.
Depois de quase três anos excursionando pelo mundo, o produtor voltou ao seu estúdio caseiro em São Paulo. O resultado é o álbum III, que não só consolida o nome de Boratto entre os mais respeitados da música eletrônica atual, como também mostra sua versatilidade como produtor, além de trazer influências do passado eclético.
"Acho que III tem um pouco da minha veia rock, que carrego comigo desde criança. Tem uma intenção mais agressiva, e talvez mais melancólica em alguns momentos. Mas acredito ser uma continuação dos meus outros dois discos", declarou Boratto para a Deutsche Welle.
Sucesso internacional
Boratto estudou design e arquitetura, mas desde suas aulas de piano quando criança, música sempre foi sua paixão. Durante anos ele trabalhou como produtor, músico e engenheiro de som para um impressionante e eclético grupo de artistas, incluindo Garth Brooks, Pato Banton, Gal Costa e Steel Pulse.
Em 2005 despontou no cenário da música eletrônica internacional com a música Arquipélago. O prolífero produtor lançou diversos singles em EP nos dois anos seguintes. Eles culminaram no disco Chromophobia, que figurou nas listas dos mais importantes lançamentos do gênero naquele ano.
O segundo disco, lançado em 2009, consolidou o som do brasileiro, um techno house que transita entre o minimalismo e ambientações pop e ensolaradas, fugindo um pouco da frieza muitas vezes associada à música eletrônica. No mesmo ano ele foi considerado um dos cem melhores DJs do mundo pela revista DJ Mag.
Estilo próprio
O novo disco, III, passeia por estilos, mas sempre evidenciando um lado único e pessoal do trabalho de Boratto. "Sou músico. É natural que imprima esse vasto espectro de cores nas minhas composições. Independentemente de estilo, minhas produções carregam minha assinatura", completou o produtor.
A faixa Galuchat é um crescente minimalista que usa cítara numa batida melancólica, mas também envolvente. Já Stems from Hell e The Drill unem o techno mais sombrio com momentos que vão do calmo e soturno ao mais pesado. O passado rock de Boratto está nos vocais e no baixo de Striker.
O produtor volta a colaborar com sua mulher Luciana Villanova em duas faixas do álbum: Destination: Education, um techno climático com vocais quase robóticos, e a deliciosa e pop This is not the end, trilha sonora ideal para os fins de tarde na praia.
Brasil e o mundo
Para o produtor, que vive no Brasil, há muitos nomes interessantes na música eletrônica local, como Dubshape e Dada Attack. "A cena no Brasil está extremamente comercial, mas em contraponto, possuímos alguns dos melhores clubes do planeta."
Nos próximos meses Boratto cai na estrada para apresentar as músicas de III e de seu quarto álbum, que ele já começou a produzir. "Amo tocar. É o momento que eu mostro minha música para as pessoas. Adoro ver a reação do público quando toco músicas novas, que ainda não foram lançadas", disse.
Até o final do ano, além de shows no Brasil, Boratto também se apresenta na América do Sul, na Europa e na Ásia. Ele está trabalhando em alguns novos remixes para sua primeira colaboração no cinema. "Vou fazer parte da trilha do filme Paraísos artificiais, do diretor Marcos Prado, que produziu Tropa de elite. Estou bem animado com o projeto."
Texto: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler