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Herlitz: mais uma empresa tradicional à beira da falência

3 de abril de 2002

A onda de concordatas e falências na Alemanha fez uma nova vítima: a Herlitz, fabricante de material de escritório.

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Arquivadores da marca HerlitzFoto: AP

O fabricante de canetas e material de escritório Herlitz foi a última empresa alemã a pedir concordata. Com sede em Berlim, ela tem uma tradição de quase cem anos. No início da década de 90, sua diretoria tentou posicioná-la entre as líderes do mercado mundial. O sonho terminou, ao mais tardar, na terça-feira (02), quando a empresa anunciou que vai pedir concordata. A Herlitz acumulou dívidas de mais de cem milhões de euros.

Na fase final, foi uma soma relativamente pequena que pôs tudo a perder. Para conceder um novo crédito de 30 milhões de euros, os bancos credores exigiram dos estados de Berlim e Brandemburgo um aval no valor de 20 milhões de euros. Isto pareceu muito alto, principalmente para a cidade-estado de Berlim, às voltas com dívidas públicas astronômicas. Com a eventual falência da Herlitz, mais 3.000 empregos estariam ameaçados.

No ano passado, os bancos, tendo à frente o Deutsche Bank, já haviam injetado 150 milhões de euros, assumindo a maioria da Herliz. O declínio da empresa já vem se consumando desde 1995, quando começou a dar prejuízos. A Associação de Proteção ao Pequeno Acionista colocou-a na lista das firmas que mais destruiram capital nos últimos tempos.

A bancarrota começou com a reunificação das duas Alemanhas, quando sua diretoria decidiu expandir os negócios para outros mercados, a Rússia entre eles, e construiu um centro logístico demasiado grande em Berlim por 400 milhões de euros. Outros negócios desastrosos com imóveis – algo nada raro na capital alemã – ajudaram a aumentar os prejuízos. Um plano de saneamento só foi implantado no final dos anos 90, quando a situação já era grave. Na ocasião, a Herlitz cortou mais de 1.400 empregos.