História da presença militar americana na Alemanha
Desde a Segunda Guerra, o território alemão é ponto estratégico para as Forças Armadas americanas. Mas a parceria transatlântica, antes quase inabalável, ficou estremecida com a chegada de Trump à Casa Branca.
Parceria em xeque
Quase 35 mil soldados americanos estão estacionados na Alemanha - a maioria deles no oeste e no sul do país. Nenhum outro país da Europa tem tantos soldados dos EUA em seu território. Mas isso está prestes a mudar: Donald Trump (na foto acima na base de Ramstein) quer retirar 12 mil militares da Alemanha. Uma ruptura para a aliança militar entre os dois países.
De inimigo a protetor
O ponto de partida da presença militar americana na Alemanha foi a Segunda Guerra Mundial. Os americanos haviam libertado a Alemanha do nazismo em 1945 junto com três outros aliados. Mas o antigo aliado de guerra, a União Soviética, rapidamente se tornou um novo inimigo. Na Berlim dividida, tanques americanos e soviéticos ficavam frente a frente.
O soldado Elvis
Com os soldados americanos, a cultura americana também veio para a República Federal da Alemanha. O rei do rock, como Elvis Presley viria a ser chamado mais tarde, já foi um simples soldado americano. Em 1958, ele começou seu serviço militar na Alemanha. Na foto, ele acena aos fãs na estação de trem em Bremerhaven.
Residências próprias
Na foto, um militar americano em uma rua da área residencial do Exército dos EUA no aeródromo de Wiesbaden-Erbenheim. No entorno das bases americanas, há conjuntos habitacionais só para os soldados americanos e suas famílias. Isso muitas vezes dificultou a integração deles na população alemã. Em 2019, o Exército americano empregava 17 mil civis americanos na Alemanha.
Festas de rua
Apesar de os conjuntos habitacionais estarem relativamente isolados, havia encontros entre famílias americanas e alemãs desde o início. Nos primeiros anos, festas nas ruas de Berlim eram organizadas no verão. E no inverno, por exemplo, o Exército americano fazia festas de Natal para crianças alemãs. Houve também Semanas de Amizade Alemanha-EUA.
Manobras militares conjuntas
Durante a Guerra Fria, a localização da Alemanha Ocidental tornou-se particularmente importante: na foto, em 1969, os exercícios anuais da Otan na Alemanha estão em pleno andamento. Na época, os americanos realizavam extensas manobras militares em conjunto com a Bundeswehr. A Alemanha estava dividida. O inimigo era a União Soviética e os Estados do Pacto de Varsóvia.
Tensão nuclear
Em 1983, os mísseis Pershing 2 foram levados para a base americana em Mutlangen sob guarda pesada. Os mísseis com ogivas nucleares evoluíram para uma questão política: eles se destinavam a preencher uma lacuna na dissuasão do Pacto de Varsóvia por parte da Otan. O movimento pela paz, por outro lado, via tudo isso como uma ameaça e reagia com grandes manifestações.
Discordância sobre Iraque
Cerca de 20 anos depois, o presidente dos EUA, George W. Bush, iniciava uma guerra contra o Iraque alegando que o país do Oriente Médio tinha armas de destruição em massa. O chanceler Gerhard Schröder rejeitou a participação de soldados alemães no conflito – e sabia ter o apoio da maioria dos eleitores. A disputa abalou a relação entre os dois governos.
Alemanha: ponto estratégico
Mesmo após a retirada de 12 mil soldados americanos, como Trump pretende, a Alemanha permaneceria importante para os interesses estratégicos dos Estados Unidos. A base americana em Ramstein desempenha um papel-chave como a sede da Força Aérea dos EUA na Europa. As controversas missões de combate com drones contra supostos terroristas na África e na Ásia também são controladas a partir de Ramstein.