Hollande se cerca de aliados em novo governo
26 de agosto de 2014Um dia após apresentar a renúncia de seu gabinete, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou nesta terça-feira (26/08) a nova composição do governo, agora formado majoritariamente por aliados próximos do presidente François Hollande.
A súbita reconfiguração no governo é vista como uma última chance de solucionar uma das maiores crises políticas desde que Hollande chegou ao Palácio do Eliseu, em 2012. Agora o gabinete não tem nenhuma voz crítica às reformas econômicas postas em prática pelo presidente.
Entre as principais mudanças está a indicação de Emmanuel Macron, de 36 anos, para a chefia do Ministério da Economia. Macron – que foi conselheiro do presidente até junho – fica no lugar de Arnaud Montebourg, cujas críticas públicas às políticas de Hollande foram o estopim para a mudança no gabinete.
Durante o fim de semana, Montebourg afirmou que as medidas de redução de deficit implementadas desde a crise financeira de 2008 minaram as economias da zona do euro e pediu aos governos que mudassem de curso se não quisessem perder seus eleitores para partidos populistas ou extremistas.
Macron é conhecido por suas ideias pró-negócios, e a escolha dele para o cargo deve enviar um sinal positivo aos parceiros da União Europeia.
No Ministério da Educação, Benoit Hamon, que também criticou abertamente as políticas do presidente, foi substituído por Najat Vallaud-Belkacem, também de 36 anos. Najat, considerada uma estrela em ascensão do Partido Socialista, era ministra dos Direitos da Mulher.
Aurelie Filippetti foi substituída no Ministério da Cultura por Fleur Pellerin. Outros ministros leais a Hollande – como Michael Sapin, chefe da pasta de Finanças, Laurent Fabius, das Relações Exteriores, e Jean-Yves Le Drian, da Defesa – continuam em seus cargos.
Baixa popularidade
A reconfiguração é a segunda desde que o presidente chegou ao poder, há dois anos, e reflete seu desejo de ter toda a equipe em sintonia para tentar recuperar a segunda maior economia da Europa, que não registrou crescimento nos seis primeiros meses de 2014.
As mudanças anunciadas são mais uma tentativa de melhorar a imagem do governo liderado por Hollande, considerado o presidente mais impopular da história recente da França, com índices de aprovação abaixo de 20%.
Esta seria uma "última chance" para o presidente retomar o controle da agenda política, acabar com a rebelião interna em seu partido e impulsionar suas políticas de reforma econômica.
Uma pesquisa recente do instituto IFOP mostrou que oito entre dez franceses não têm confiança alguma no governo quando o assunto é crescimento econômico, redução do deficit ou combate ao desemprego.
RM/ap/afp/dpa