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"IAAF fracassou", diz agência mundial antidoping

14 de janeiro de 2016

Novo relatório da Wada aponta corrupção sistemática envolvendo dirigentes da Associação Internacional das Federações de Atletismo e cita Putin. Lamine Diack, ex-presidente da organização, é acusado de extorsão.

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Foto: picture-alliance/dpa/S. Nogier

A Agência Mundial Antidoping (Wada) acusou a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) de ter fracassado no combate à corrupção no esporte em novo relatório divulgado nesta quinta-feira (14/01) em Munique.

O documento de 89 páginas define a Rússia como um "refúgio do doping" e diz que houve "uma grave carência de vontade política" para combater as fraudes. De acordo com o relatório, chefes da IAAF encobriam os resultados dos exames de doping depois de extorquir atletas, que continuavam a competir irregularmente.

"É extremamente perturbador que indivíduos nos mais altos níveis da IAAF tenham sido cúmplices e encoberto casos de doping para ganho financeiro próprio", afirmou o presidente da Wada, Craig Reedie. Segundo ele, os responsáveis irão responder na Justiça francesa.

O relatório cita o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a denúncia, o ex-presidente da IAAF, o senegalês Lamine Diack, disse a um advogado que estava "numa posição muito difícil que só poderia ser solucionada pelo presidente Putin, da Rússia, com quem ele tinha estabelecido uma amizade". Diack se referia ao caso de nove atletas russos acusados de doping antes do Campeonato Mundial de Atletismo de 2013, em Moscou. Eles não participaram da competição, mas a IAAF não deu continuidade às investigações.

A primeira parte do relatório elaborado pela Wada, divulgada em novembro de 2015, denunciou a existência de "doping sistemático" na Rússia. As atividades da Agência Antidoping Russa (Rusada) foram suspensas e atletas do país impedidos de participar de competições internacionais.

O chefe da investigação, Dick Pound, afirmou que os atletas russos só poderão participar das Olimpíadas no Rio de Janeiro neste ano se a Federação Russa de Atletismo (Araf) se readequar às exigências. "Simples assim", afirmou.

O líder do esquema

A Wada aponta Diack, o ex-presidente da organização, como o principal responsável por "organizar e tornar a conspiração possível", criando uma "estrutura de governança" paralela, com a ajuda de seus dois filhos, contratados como consultores.

Os investigadores concluíram que Diack retirou apoio à candidatura da Turquia aos Jogos Olímpicos de 2020 por o país não ter aceitado transferir uma quantia de "4 a 5 milhões de dólares" para patrocinar a Diamond League, competição promovida pela IAAF. Segundo a Wada, o Japão pagou a quantia e, mais tarde, Tóquio foi eleita como a sede dos Jogos.

No ano passado, Diack já tinha sido acusado pela Justiça francesa de ocultar casos de doping em troca de dinheiro, o que teria possibitado a participação de atletas russos pegos no exame nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e no Mundial de Atletismo de Moscou.

"Coe é o mais indicado"

O atual chefe da IAAF, Sebastian Coe, eleito em agosto do ano passado, participou da coletiva de divulgação do relatório. O ex-atleta britânico foi vice-presidente e membro do conselho da federação entre 2007 e 2015.

Apesar de o documento apontar que o conselho "não tinha como não saber" do escândalo, o chefe da investigação da Wada, Dick Pound, insistiu que Coe é o mais indicado para liderar uma mudança na instituição, ressaltando que ele não sabia da corrupção praticada por Diack. Já Coe garantiu que vai implementar reformas na instituição.

Na semana passada, o comitê de ética da IAAF demitiu o filho de Diack, Papa Massata Diack, que era consultor de marketing da organização, e o ex-chefe da Federação Russa e ex-tesoureiro da IAAF Valentin Balajnichev.

KG/dpa/ape/rtr