Identificados restos mortais de um dos estudantes desaparecidos no México
7 de dezembro de 2014Pelo menos um dos 43 estudantes desaparecidos desde o dia 26 de setembro no estado mexicano de Guerrero foi identificado por peritos judiciais: os restos mortais de Alexander Mora Venancio, 19 anos, estão entre o material carbonizado encontrado em um depósito de lixo em Cocula, a poucos quilômetros de Iguala, onde os jovens desapareceram. A informação foi confirmada por dois oficiais do governo mexicano neste sábado (06/12).
Familiares receberam a notícia um dia antes, na sexta-feira, por meio de peritos argentinos que trabalham na identificação do material a pedido dos parentes das vítimas. O material carbonizado havia sido enviado para análise em uma universidade austríaca de medicina no mês passado.
Especialistas analisaram pedaços de ossos encontrados entre as cinzas achadas na área indicada por suspeitos detidos no início de novembro, os quais confessaram ter matado os jovens, incinerado os corpos perto de um depósito de lixo e, em seguida, jogaram os restos mortais em um rio.
Clamor por justiça
Manifestantes foram às ruas da Cidade do México neste sábado pedir justiça e também a renúncia do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, criticando a maneira com que Nieto conduziu o caso. Autoridades federais intervieram apenas 10 dias após o desaparecimento dos estudantes de magistério.
O caso despertou indignação internacional e chamou atenção para a prática de abuso de autoridade e corrupção no México. Os estudantes desapareceram na cidade de Iguala após terem se confrontado com a polícia local, numa noite de terror que acabou com a morte de seis pessoas. Segundo a Procuradoria-Geral do México, os jovens teriam sido atacados por ordem do prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e de sua mulher, Maria de Los Ángeles Pineda. Os dois estão presos.
Promotores acreditam que os jovens tenham sido entregues aos suspeitos detidos, integrantes do cartel Guerreros Unidos. Eles contaram aos investigadores que conduziram o grupo em dois caminhões. Os jovens foram então mortos e queimados.
A identificação de um dos estudantes reforça o temor de que todos tenham sido efetivamente assassinados por grupos criminosos que trabalhavam junto a José Luis Abarca.
MSB/ap/lusa/rtr