Envolvidos em agressões sexuais podem ser deportados
7 de janeiro de 2016O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, afirmou que o país cogita deportar requerentes de asilo comprovadamente envolvidos em crimes no país.
"Qualquer um que achar que pode ir contra a lei e a ordem na Alemanha deve ser punido, não importa de onde venha", afirmou Maas ao grupo de mídia Funke, em reportagem publicada nesta quinta-feira (07/01).
Em caso de abuso sexual, "deportações são perfeitamente convebíveis", disse o ministro, referindo-se às agressões ocorridas durante a noite de réveillon em Colônia.
Maas pediu que as autoridades alemãs reajam aos excessos cometidos "com toda determinação, mas também prudência". "Primeiramente, é necessário determinar os fatos e identificar os agressores com a maior precisão possível", afirmou, pedindo punição aos que cometeram esses "atos terríveis". "Devemos isso, acima de tudo, às vítimas."
O ministro alemão do Interior, Thomas de Maiziére, já havia sugerido mudanças nas punições previstas para os requerentes de asilo que cometam crimes. Na Alemanha, os refugiados podem ser condenados a até três anos de prisão. De Maiziére diz que aqueles que cometerem crimes graves no país "devem contar com a possibilidade de serem deportados".
Caçada aos suspeitos
Em Colônia, um porta-voz da polícia disse nesta quinta-feira que os investigadores identificaram até o momento 16 suspeitos das agressões sexuais na noite de réveillon. Alguns dos agressores puderam ser claramente reconhecidos em fotografias ou imagens de vídeo.
O número de queixas registradas pela polícia aumentou para 121. Um terço das vítimas relatou abusos sexuais por parte dos agressores, incluindo dois casos de estupro.
Em Hamburgo, 53 casos de agressões sexuais ou roubos foram registrados durante a noite de réveillon. Em Dusseldorf houve 11 casos semelhantes.
Relatório interno fala em "situação caótica e vergonhosa"
Um relatório interno da polícia, ao qual o portal alemão Spiegel Online teve acesso, revelou a extensão das agressões cometidas em Colônia. O autor do documento descreveu a situação como "caótica e vergonhosa".
"Mulheres com ou sem acompanhantes tiveram de passar por um verdadeiro paredão de homens altamente alcoolizados, em uma situação difícil de descrever", diz o relatório, segundo o qual, "a massa de pessoas em frente e no interior da estação central não permitia a passagem da polícia".
O documento indica que a força policial foi vencida pelas dimensões e pela quantidade de crimes cometidos, e que não havia capacidade de identificar ou prender os suspeitos.
Policiais teriam sido impedidos de chegar às pessoas que pediam ajuda, e as vítimas eram ameaçadas ao apontar seus agressores. Os suspeitos teriam desrespeitado os policiais "de um modo nunca visto", segundo o autor do relatório.
O contingente policial presente no local estava nos limites de suas possibilidades, e optou pela evacuação da praça em frente à estação, sob um "bombardeio de fogos de artifícios e garrafas". As brigas, roubos e agressões continuaram mesmo após a evacuação, diz o relatório.
RC/afp/dpa/rtr/kna