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Imprensa: Hillary venceu, mas é cedo para declarar vitória

Rahel Klein md
27 de setembro de 2016

Sites e jornais afirmam de forma praticamente unânime que democrata teve melhor atuação no debate contra Trump. Alguns, entretanto, têm dúvidas se ela convenceu e conseguiu conquistar votos de indecisos.

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USA Wahlkampf TV Duell
Foto: Reuters/L. Jackson

Trump: "Hillary não tem resistência para ser presidente"

De acordo com uma pesquisa da emissora CNN, 62% dos entrevistados consideraram que a democrata Hillary Clinton venceu o primeiro debate entre os candidatos à Casa Branca, nesta segunda-feira (26/09). Apenas 27% viram o republicano Donald Trump na frente. Na Alemanha, a maioria da mídia está mais ou menos de acordo com essa análise.

Para o site Spiegel Online, Hillary é a clara vencedora. O veículo diz que ela mostrou conhecimento de causa, manteve-se calma e serena e esteve bem-humorada e "notavelmente humana". Já Trump se apresentou inicialmente atipicamente "presidencial" e controlado, mas logo se tornou agitado, acrescentou o site. Segundo a publicação, ele interrompia Hillary de forma cada vez mais brusca e enervada, dava respostas incompreensíveis e se enrolou ao se vangloriar de seus negócios imobiliários. "Com isso, sua ignorância fica cada vez mais clara", observou o Spiegel Online. No final, "triunfou a serenidade sobre o latido".

Para Matthias Kolb, do jornal Süddeutsche Zeitung, Trump perdeu o debate, "mas Clinton não venceu". Segundo o jornalista, depois de um início sólido, Trump confirmou quase todos os preconceitos que existem sobre ele, escorregou na maioria das questões, raramente mencionou detalhes e deu a impressão de que não leva a presidência muito a sério. "É improvável, portanto, que ele tenha conseguido convencer muitos eleitores indecisos com sua performance", escreve Kolb.

Credibilidade de Hillary preocupa

Clinton, por outro lado, se "libertou" com seu bem preparado desempenho, após recentemente ter perdido terreno nas pesquisas de opinião. Ela conseguiu, "com bastante maestria, tecer a rede na qual seu oponente se desmontou". Mas, apesar de uma boa performance, o jornal observa que a candidata continua tendo um problema de credibilidade. "Mesmo depois de 90 minutos, não se fica sabendo o que realmente leva Clinton a concorrer à Casa Branca, por que os eleitores americanos deveriam confiar nela", escreve o articulista.

"Não podemos proteger países que não nos pagam", diz Trump

No site Zeit Online, Paul Middelhoff afirma que "Trump demonstra que sua eleição seria uma ameaça para os Estados Unidos". O jornalista aponta que essa percepção não é nova, mas que o fraco desempenho do magnata de 70 anos prova que ele não suportaria a pressão do cargo. "Clinton levou Trump ao nocaute."

O comentarista deixa em aberto, porém, se a corrida à Casa Branca já estaria decidida. Ele pondera que Trump tem colocado diversas vezes a lógica da política pelo avesso, acrescentando que, até agora, seus erros quase não o prejudicaram.

Hillary conseguiu atrair indecisos?

O jornal Der Tagesspiegel concorda com essa análise, afirmando que Clinton esteve melhor preparada e tem mais conhecimento, vencendo o duelo à primeira vista. Porém, o periódico berlinense afirma que o debate, no geral, apenas confirmou e fortaleceu as imagens já existentes dos dois candidatos. O comentarista Christoph von Marschall diz ter dúvidas se Clinton de fato saiu do duelo como clara vencedora. "Ela só atendeu às expectativas e não necessariamente ganhou novos eleitores", escreve .

Na imprensa americana, Clinton também é a clara vencedora deste primeiro debate. O New York Times, que tinha anunciado recentemente seu apoio à democrata, escreveu que "a palavra 'debate' perde seu significado se um candidato é sério e o outro é um brutamontes sem nada para dizer".

O jornal conservador de Londres The Telegraph nomeou Trump vencedor político do ano 2016 e vencedor do duelo de TV. A publicação escreve que Clinton pode ter se apresentado como uma presidente mais do que Trump, mas, ao mesmo tempo, expôs "todos os defeitos de seu liberalismo, que nas últimas décadas custou muito apoio por parte dos trabalhadores". O jornal diz que ela não falou para os americanos como um povo, "mas para certos grupos – mulheres, pessoas de origem sul-americana, afro-americanos".