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Imprensa condena política dos EUA no Iraque

av19 de janeiro de 2004

Os jornais alemães comentaram com preocupação o recente atentado em Bagdá, um dos mais sérios desde o fim da guerra. Crescem as restrições quanto à política dos Estados Unidos no Iraque.

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Mais de 20 mortos na capital iraquianaFoto: AP

Enquanto o administrador civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, é esperado nesta segunda-feira (19), em Nova York, para um encontro com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sobre a situação no Iraque, a imprensa alemã mostra-se preocupada com o significado e conseqüências do atentado suicida em Bagdá, cujo número de vítimas fatais ultrapassa as 20.

O jornal Süddeutsche Zeitung abre seu artigo com uma frase bombástica: "O terror é total". E prossegue:
"A resistência violenta contra a ocupação norte-americana no Iraque há muito extrapolou todos os limites e perdeu a direção. Não são mais apenas os soldados americanos a serem mortos, nem somente os estrangeiros. Qualquer um que após o fim da ditadura esteja contando com novos tempos pode tornar-se alvo. [...] Os terroristas querem sabotar todo tipo de progresso e aniquilar tudo o que poderia melhorar a vida dos iraquianos".

O Financial Times Deutschland esforça-se por colocar o atentado numa perspectiva maior, em face da resistência crescente também por parte dos xiitas e curdos:
"Os EUA se colocaram num beco sem saída político, do qual não encontrarão sozinhos a saída. Eles anunciaram para 1º de julho a transferência da responsabilidade administrativa a um governo de transição iraquiano. Contudo só em 2005 haverá eleições. O processo que os EUA desencadearam dessa maneira desenvolveu uma dinâmica própria praticamente irrefreável".

Más cartas para Bush

Este ponto de vista tem pontos em comum com a análise traçada pelo Frankfurter Rundschau:
"Espera-se que as Nações Unidas legitimem a posteriori e ajudem a salvar um processo, na melhor das hipóteses semidemocrático, sobre o qual não possuem qualquer influência, e quanto ao qual cresce a resistência iraquiana. [...] O governo Bush colocou a si próprio na posição de suplicante. Mas isso serve de pouca coisa agora. [...] Que correções são ainda possíveis? A posição do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, também não é de invejar".

Por fim, o Heilbronner Stimme descreve o apuro do presidente norte-americano também no próprio país:
"A falta de controle sobre o Iraque dificulta cada vez mais o governo Bush, voltado para a reeleição. O número de americanos mortos atingiu o triste recorde de 500. [...] E a série de revelações continua. O US-War College, a fábrica ideológica do próprio Exército, acaba de apresentar um estudo oficial onde classifica como 'supérflua' a campanha contra Saddam".