Opinião da imprensa
8 de abril de 2008O editorial do diário alemão Westfalen Blatt, de Bielefeld, remonta a meados de 1900 para lembrar a Revolta dos Boxers. Ao lembrar o movimento popular antiocidental contra a longa intromissão européia na China, o diário traça paralelos com a opressão no Tibete: "Universitários chineses sabem muito bem dos danos causados pelo Ocidente no seu país e por isso consideram hipocrisia o fato de a Europa e os Estados Unidos acusarem a China de violar os direitos humanos." [... ]
"A Europa reprime a própria história. Em seu livro Guerra Mundial e Bem-Estar, o cientista político e econômico Gabor Steingart escreveu: 'Todas as violações aos direitos humanos que o Ocidente atribui à China hoje, ele mesmo já praticou contra os chineses. O país foi humilhado e mantido na miséria." O jornal assinala ainda que durante 70 anos a China serviu às grandes potências como loja de conveniência, onde cada um podia servir-se à vontade. [... ]
Isto, no entanto, de forma nenhuma justifica ou minimiza os crimes cometidos pela China no Tibete. [... ] O Ocidente precisa levantar a voz pelos tibetanos, requisita o Westfalen Blatt.
Fiasco em Paris
"Pequim espuma de raiva e fala em sabotagem", escreve o Tageszeitung, de Berlim. O governo chinês pretendia usar os Jogos Olímpicos para apresentar-se da melhor forma possível. Agora, é obrigado a se ver, atônito, perder o controle dentro das próprias fronteiras, escreve o jornal.
"Atordoados, os funcionários do partido observam em Paris e em Londres os protestos que deverão se repetir em São Francisco e Nova Délhi. A corrida com a tocha olímpica torna-se um fanal político e os danos à imagem aumentam a cada quilômetro", prossegue o Tageszeitung.
Para o Le Figaro, a passagem da tocha olímpica por Paris foi um fiasco. O jornal francês ressalta que "em plena era da globalização da informação, o Império do Centro é inacessível ao resto do mundo. As imagens são censuradas; a internet, fortemente vigiada. Pior ainda: o regime em Pequim quer aproveitar o momento para consolidar a ditadura. Não só os tibetanos sofrerão com isso. Também os milhões de chineses oprimidos, cujo nacionalismo é alimentado para ser usado contra a influência do exterior em caso de alguma ameaça".
Papel dos EUA
"O grande número de manifestantes contesta a argumentação chinesa de que os protestos vêm de um pequeno grupo de separatistas tibetanos", observa o espanhol El País. "Os Jogos Olímpicos não podem tornar-se apenas um espelho da China atual. Eles oferecem também a oportunidade de abertura política. Infelizmente Pequim segue o caminho oposto".
O diário espanhol assinala que "os Estados Unidos desempenham um papel-chave neste contexto. Só que Washington silencia sobre um possível boicote olímpico. Um dos motivos é que os EUA nos últimos tempos caíram numa imensa dependência financeira em relação à China. Para os americanos, no momento, o aspecto econômico é prioritário", ressalta o El País. (rw)