Incidente na Suécia reabre debate sobre energia nuclear alemã
4 de agosto de 2006A OKG, subsidiária sueca da maior companhia de energia da Alemanha, a Eon, fechou dois dos três reatores que ela opera na cidade de Oskarshamn nesta quinta-feira (04/05) depois que geradores de energia de reserva falharam numa planta semelhante, em Forsmark, na semana passada. Os reatores foram fechados após a OKG ter afirmado que "a segurança não poderia ser garantida".
Um reator em Forsmark foi desativado no último dia 27 depois que dois dos quatro geradores a diesel de emergência, responsáveis pelo resfriamento do reator, tiveram que ser colocados em funcionamento manualmente. O incidente reabriu o debate em torno da segurança da energia nuclear.
"Foi o mais próximo que se pode chegar de um meltdown (derretimento) nuclear", disse o ex-gerente de construção da planta, Lars-Olov Höglund. "Foi pura sorte isso não ter levado a uma catástrofe pior do que Tchernobil."
A Vattenfall, a companhia sueca que opera a planta de Forsmark, a cerca de 75 quilômetros de Estocolmo, descartou a possibilidade de meltdown, afirmando que os dois geradores forneceram energia suficiente para manter o sistema de refrigeração da planta.
O Ministério do Meio Ambiente do país também disse que a situação não foi tão perigosa como afirmou Höglund. "Isso não pode ser comparado a algo tão sério quanto um meltdown", disse a porta-voz do ministério, Lena Berglund. "Não chegou nem perto disso."
O porta-voz da Superintendência Sueca de Energia Nuclear (SKI), Anders Bredfell, disse que o órgão está tratando do incidente como sendo de nível dois numa escala de zero a sete. O desastre de Tchernobil foi de nível sete.
Fechamentos preventivos
Algumas das 17 plantas alemãs usam sistema de refrigeração semelhante ao da unidade sueca. A organização ambiental Greenpeace está pedindo testes nas plantas de energia nuclear no mundo todo. "Reatores nucleares internacionais devem ser testados para assegurarem que não aconteça o mesmo problema", disse a porta-voz sueca do Greenpeace, Martina Krueger.
"Supomos que houve melhoras aqui na Alemanha após o incidente de 2004, algo que não ocorreu na Suécia", disse Heinz Smital, do Greenpeace alemão, referindo-se a uma situação de emergência registrada na usina alemão de Isar 2 há dois anos. "Mesmo assim, a agência regulatória alemã precisa rapidamente esclarecer se um perigo semelhante ameaça as plantas do país."
Alemanha comprometida
O ministro do Meio Ambiente da Alemanha fez um chamado nesta sexta-feira às agências regulatórias dos estados alemães para checarem os geradores de emergência e os sistemas de refrigeração da empresa AEG, fabricante dos geradores que falharam na Suécia.
Os críticos alemães da energia nuclear usaram o incidente num país com padrões de segurança ocidentais para pedir o fim da dependência da Alemanha em energia atômica, que representa 12% da energia total consumida no país.
No fim de julho, a o gverno da grande coalizão afirmou em pronunciamento que permanece comprometido com o fechamento das usinas nucleares no país.
Um porta-voz da Eon afirmou, no entanto, estar descartado que algo semelhante possa acontecer na Alemanha. "Análises iniciais de nossas seis plantas mostraram que isso está descartado". O mesmo foi afirmado por outros operadores de reatores nucleares, como a Vattenfall.