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re:publica

15 de abril de 2011

re:publica reúne blogueiros, especialistas e ativistas do mundo todo que formam uma sociedade à parte do mundo real. Debate em Berlim foca recentes revoluções no mundo árabe.

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Mais de 3 mil blogueiros reunidos no re:publicaFoto: DW/M.Bösch

O que começou como um encontro informal entre blogueiros, há cinco anos, transformou-se numa das conferências do gênero mais importantes da Europa. O re:publica reuniu na capital alemã, até esta sexta-feira (15/04), mais de 3 mil representantes da comunidade digital do mundo todo: blogueiros, ativistas e especialistas.

Além do visual informal e com uma fonte de acesso à internet sempre ao alcance, os participantes têm em comum o objetivo de abordar temas contemporâneos. "Os assuntos mais importantes foram, naturalmente, os efeitos da internet nas revoluções no norte da África e no mundo árabe", explica Markus Beckedahl, um dos organizadores do re:publica e responsável pelo blog alemão Netzpolitik.org.

O ativista digital diz que o evento buscou alternativas ao modelo dominante. "Abordamos como nós, como sociedade, nos condicionamos a infraestruturas centralizadas e monopólicas, como o Facebook, que se desenvolveram como um novo espaço privado de acesso público", acrescenta Beckedahl.

No mundo real

Amira Al Hussaini, colunista e blogueira do Bahrein, está no re:publica para discutir o significado da internet no Norte Africano. Al Hussaini acompanha esse desenvolvimento desde 2004, quando começou a blogar.

A ativista digital trabalha como redatora da rede de blog Global Voices Online e compõe o corpo de jurados do prêmio Best of Blogs Awards, da Deutsche Welle. Al Hussaini seguiu os acontecimentos recentes na Tunísia e na Líbia.

"Foi algo não trabalhado, ao vivo, sem censura e sem filtragem. Nós vimos vídeos de pessoas que foram alvejadas e, poucos minutos depois, os colocamos no Youtube, lemos relatos assustadores e, pela primeira vez, vimos milhões de pessoas nas ruas. Todos numa situação de 'faça ou morra'", comenta Amira Al Hussaini.

Os ativistas do norte da África receberam apoio evidente também de partes completamente inesperadas, esclarece Gabriella Coleman. A norte-americana pesquisa e dá aulas sobre a cultura dos hackers na Universidade de Nova York. Coleman falou no encontro sobre o duvidoso Anonymus. O grupo opera mundialmente, é famoso por promover ações contra a Cientologia e engajado a favor da WikiLeaks.

Segundo Coleman, Anonymus também teve um papel nos fatos recentes no norte da África. "Eles fizeram isso e foi surpreendente. Conforme os protestos na Tunísia aconteciam, eles conduziam o Denial-of-Service-Attacks também na Líbia, Egito e outros países", conta a pesquisadora.

O Denial-of-Service-Attack, ou ataque de negação de serviço, é uma ferramenta usada por hackers que consiste em negar o uso de um servidor, ou outro recurso, para usuários autorizados. No caso do norte da África, alguns sites governamentais chegaram a ser paralisados.

Com esse método, os ativistas atingiram sites de grandes empresas norte-americanas, como a operadora de cartões de crédito Mastercard e o serviço de pagamento de internet PayPal. O motivo: ambas as companhias se recusaram a receber pagamentos de apoiadores do polêmico WikiLeaks.

Não tão longe

Markus Beckedahl anunciou durante o encontro a criação de uma nova organização. A chamada Sociedade Digital deve representar os interesses dos usuários de internet no mundo da política. Para o ativista virtual, não é preciso viajar ao norte da África para encontrar uma situação crítica na internet.

"Nós enfrentamos as mesmas ameaças que os países africanos. Temos leis e tecnologias, como a retenção de dados, que permite ao Estado saber com quem falamos ao telefone. Aqui também se discute sobre bloqueio de internet, ou seja, a censura na internet como meio de retirar conteúdos indesejados da rede. E a lista de leis de vigilância é bastante longa", argumenta Beckedahl.

Autor: Marcus Bosch (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer