Irã mantém tom desafiador após fracasso nas negociações com a AIEA
22 de fevereiro de 2012A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encerrou sua mais recente missão no Irã, depois que o país negou-se a autorizar a inspeção de especialistas do órgão aos locais onde são realizados os testes nucleares iranianos, segundo divulgou a agência nesta quarta-feira (22/02).
O anúncio aconteceu horas antes de o grupo da AIEA desembarcar de volta em Viena, após a frustrada tentantiva de negociação em Teerã – a segunda no espaço de um mês.
A agência afirma que, segundo informações de fontes de inteligência, a implosão de uma ogiva nuclear teria sido previamente simulada no complexo em Parchin. Ainda de acordo com o comunicado, a AIEA continua buscando "esclarecimentos para questões não resolvidas" com relação aos objetivos nucleares do Irã.
"Oportunidade perdida"
A França considerou a negativa do Irã em possibilitar o acesso dos agentes da ONU como "mais uma oportundiade perdida" pelo país para provar que seu programa nuclear não tem objetivos bélicos.
A viagem dos especialistas era vista como importante precursor de uma possível retomada das conversas entre o Irã e o chamado P5+1 – Reino Unido, China, França, Rússia, Estados Unidos + Alemanha – que fracassaram na Turquia, há um ano.
As suspeitas ocidentais de que o Irã estaria construindo armas nucleares apareceram em um relatório da AIEA em novembro passado. Desde então, Europa e EUA vêm aumentando as sanções econômicas contra o Irã, tendo como alvo suas exportações de petróleo.
Em tom provocativo, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que as políticas nucleares do país não devem ser alteradas, mesmo diante da crescente pressão internacional contra os supostos planos iranianos para desenvolver bombas nucleares, como o Ocidente classifica o programa nuclear do país persa.
"Com a ajuda de Deus e sem prestar atenção à propaganda contrária, o curso nuclear do Irã deve continuar com firmeza e seriedade", declarou Khamenei à televisão estatal, reiterando que as atividades nucleares iranianas não têm propósitos militares. "Nenhum obstáculo pode deter a atividade atômica do Irã", afirmou.
Ataque seria uma catástrofe
A Rússia minimizou o fracasso das conversas da AIEA com o governo de Mahmud Ahmadinejad, declarando que ainda há chances para novas negociações com a agência da ONU. O vice-ministro do Exterior russo, Gennady Gatilov, advertiu Israel ressaltando que atacar o Irã seria algo "catastrófico" para a região e para a diplomacia global. "Espero que Israel leve em consideração as consequências de tal ação para eles mesmos", disse Gatilov.
Este foi um dos maiores alertas da Rússia contra o uso da força na região - uma opção que israelenses e norte-americanos não descartam totalmente, caso concluam que a diplomacia e o aumento das sanções não vão impedir o Irã de desenvolver uma bomba nuclear.
Rússia, China e vários outros aliados dos EUA sabem que qualquer ação mililtar contra o Irã poderá colocar o Oriente Médio em uma guerra maior, o que jogaria o preço do petróleo nas alturas, em um momento em que o cenário internacional enfrenta graves problemas econômicos.
MSB/rtr/dpa/afp
Revisão: Francis França