Energia nuclear
3 de fevereiro de 2010O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou em entrevista a uma televisão estatal iraniana, nesta terça-feira (02/02), que seu governo vai aceitar que o urânio iraniano seja enriquecido no exterior, como proposto pelas Nações Unidas.
Segundo ele, o Irã não tem objeções ao fato de que o urânio seja enviado para o exterior, a fim de ser enriquecido, e mandado de volta alguns meses mais tarde ao país.
Não se sabe ainda até onde irão as concessões feitas por Ahmadinejad. De qualquer forma, o governo norte-americano se mantém, a princípio, cético em relação à questão.
O anúncio feito pelo presidente, caso de fato se concretize, significará uma mudança radical na política nuclear do país. Principalmente as nações ocidentais vêm exigindo há muito que o Irã abdique do enriquecimento do urânio dentro do próprio país.
Ceticismo inicial
Embora Ahmadinejad tenha mencionado um período de quatro a cinco meses para que o urânio enriquecido retorne ao país, analistas ocidentais consideram esse período relativamente curto.
A proposta do Ocidente seria a de que o urânio enriquecido retornasse ao Irã somente um ano mais tarde, a fim de gerar energia para usinas e não para ser usado na construção de bombas.
Ahmadinejad não confirmou a hipótese de que todo o urânio extraído no Irã venha a ser enviado para o exterior, como a comunidade internacional reivindica. Os países ocidentais partem do princípio de que o governo iraniano utiliza o urânio para construir armas atômicas.
A Casa Branca reagiu com ceticismo em relação às declarações do presidente iraniano, "Se as declarações de Ahmadinejad expressam uma atual posição iraniana, esperamos que o Irã informe a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", afirmou Mike Hammer, porta-voz do governo norte-americano.
Também o governo do Reino Unido reagiu com cautela às declarações de Ahmadinejad. Caso o Irã resolva aceitar as sugestões da AIEA, afirmou um porta-voz do ministro britânico do Exterior, este seria "um sinal positivo da disponibilidade" do país em cooperar.
Comentários de Berlim
O governo alemão também reivindicou de Teerã uma posição mais clara em relação à questão. Berlim espera "confirmações concretas" do Irã, segundo acentuou Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo, nesta quarta-feira (03/02), em Berlim. Somente uma "resposta concreta" à AIEA significaria, segundo Wilhelm, uma mudança real de curso na política nuclear do país.
Um porta-voz do Ministério alemão das Relações Exteriores salientou que a comunidade internacional aguarda há meses uma reação de Teerã. Enquanto nada de mais concreto acontece, afirmou ele, o governo alemão não se pronunciará em relação às recentes declarações de Ahmadinejad.
SV/dpa/afp/ap
Revisão: Carlos Albuquerque