Iraque constrói armamentos com peças importadas da Alemanha
25 de março de 2002Além dos veículos, o Iraque também logrou materiais alemães de uso civil, mas que também podem ser aplicados a fins militares, como fresas, prensas, máquinas de vácuo, ferramentas controladas por computador, entre outros. Todos os instrumentos e peças adquiridos podem ser modificados facilmente para a utilização como acessório de produção ou de operação de armamentos. A exportação de tais equipamentos para o Iraque é rigorosamente proibida pelo embargo decretado pelas Nações Unidas.
O contrabando foi feito com a ajuda de testas-de-ferro na Alemanha, através de caminhos tidos até agora como insuspeitos. A operação foi desvendada pelo ZKA (Zollkriminalamt – Departamento Criminal de Alfândega), que faz parte dos serviços secretos alemães.
No mais recente relatório apresentado ao governo federal alemão sobre a situação do embargo contra o Iraque, o ZKA afirma ter havido um enorme aumento das atividades clandestinas do governo de Bagdá, visando ludibriar as medidas restritivas impostas pela ONU e adquirir material bélico indispensável para a produção de armamentos de extermínio em massa.
Desrespeito ao embargo
O serviço secreto alemão afirma também que o Iraque negocia abertamente com uma série de fornecedores da China, Índia, Rússia, Síria e Europa Oriental, que não observam as determinações do embargo internacional. Os ministérios iraquianos aparecem explicitamente como parceiros nas diversas transações de comércio exterior. O governo de Bagdá utiliza, além disto, o serviço de firmas de importação próprias, com sede na Jordânia.
Os agentes do ZKA já conseguiram desmascarar inúmeros testas-de-ferro. Muitos deles foram presos e aguardam seus julgamentos. Um dos casos mais espetaculares foi o de dois alemães, que adquiriram aparelhos de perfuração de poços de diversos fabricantes alemães, fornecendo-os ao Iraque via Jordânia. Esses aparelhos especiais foram modificados para a perfuração de aço e servem agora à fabricação de canhões de 210 milímetros que, segundo especialistas, seria apropriado para o disparo de armamentos químicos e biológicos.
Segundo informação do serviço secreto alemão BND (Bundesnachrichtendienst – Serviço Federal de Informações), o Iraque continua trabalhando no seu projeto de produção de armamento nuclear e está próximo de alcançar o nível que dispunha antes da guerra do Golfo, em 1990.
E também o seu programa de produção de armas biológicas está bastante avançado, de acordo com o relatório do serviço secreto alemão. Bagdá está criando "capacidades móveis de disparo de armamentos biológicos", segundo o BND.