Irã acusa estrangeiros de elevar "insegurança" no Golfo
22 de setembro de 2019O presidente iraniano Hassan Rohani reivindicou, neste domingo (22/09), a liderança da segurança regional na estratégica região do Golfo Pérsico e denunciou a presença de tropas estrangeiras na área. "Forças estrangeiras podem causar problemas e insegurança ao nosso povo e à nossa região", disse ele em discurso televisionado, por ocasião de uma parada militar anual.
Sua declaração vem depois que os Estados Unidos ordenaram o envio de tropas adicionais para o Oriente Médio em meio a tensões crescentes após uma série de ataques à infraestrutura energética da região rica em petróleo.
A Arábia Saudita e os Estados Unidos acusaram o Irã de estar por trás dos ataques a refinarias sauditas, em 14 de setembro, no maior atentado de todos os tempos às instalações petrolíferas no principal exportador de petróleo do mundo.
O Irã negou envolvimento no ataque, que foi reivindicado pelo movimento houthi iemenita, um grupo apoiado pelo Irã e que atualmente luta contra uma aliança liderada pela Arábia Saudita na guerra civil do Iêmen.
A Arábia Saudita chamou os ataques às instalações de Abqaiq e Khurais como um teste da vontade global de preservar a ordem internacional e afirmou que vai tentar formar uma frente unida na Assembleia Geral das Nações Unidas, cujos debates serão abertos com discurso do presidente Jair Bolsonaro, na próxima terça-feira.
"Não somos alguém que viola as fronteiras dos outros, assim como não permitiremos que ninguém viole nossas fronteiras", disse Rohani. Os comentários do presidente iraniano vêm um dia depois que o chefe da poderosa Guarda Revolucionária do Irã, o general Hossein Salami, ameaçou "destruir qualquer agressor" contra o Irã.
Rouhani também disse que vai apresentar um plano de paz às Nações Unidas nos próximos dias. "Neste momento histórico sensível e importante, anunciamos aos nossos vizinhos que lhe estendemos a mão da amizade e da fraternidade", afirmou.
O líder iraniano deve viajar para Nova York na segunda-feira, um dia antes do início da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Irã na ONU
As ameaças no Golfo Pérsico estão entre os maiores desafios que a Organização das Nações Unidas terá de discutir com os 193 Estados-membros esta semana.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na semana passada que se está assistindo a uma escalada de tensões muito perigosa no Golfo Pérsico, tendo o Irã e Arábia Saudita como principais potências da região.
Os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, em meados de setembro, deverão ser abordados por vários Estados-membros da ONU, principalmente os que têm interesses econômicos naquele país ou que são também países produtores de petróleo.
A ONU anunciou a viagem de uma equipe de peritos à Arábia Saudita para conduzir um inquérito internacional sobre os ataques contra as instalações petrolíferas do país.
O Irã está no foco dos debates sobre a paz e segurança no mundo devido à política nuclear e por ter sido acusado pelos Estados Unidos da América como os responsáveis pelos ataques na Arábia Saudita.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou na sexta-feira novas sanções contra o sistema bancário iraniano, assegurando tratar-se das "mais severas jamais impostas a um país".
EUA e Irã estão num momento de maior pressão e trocas de ameaças de retaliação, que levam vários países do mundo, como a França, a tentarem intermediar conversações pacíficas entre os presidentes Donald Trump e Hassan Rohani
Com o mundo de olhos no combate às mudanças climáticas e, principalmente, sobre a região amazônica e a luta pelos direitos humanos dos povos indígenas, o presidente Jair Bolsonaro prometeu levar a Amazônia na agenda, sendo o primeiro a abrir o debate geral na terça-feira, como tradição, antes do presidente dos Estados Unidos.
CA/lusa/ap/afp/rtr
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | App | Instagram | Newsletter