"Irã é ameaça a Israel e ao mundo", diz Netanyahu
3 de março de 2015O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira (03/03), perante o Congresso dos Estados Unidos, que o acordo em negociação não vai impedir o Irã de obter armas nucleares, mas garantir que as obtenha.
"O acordo não bloqueia o caminho para a bomba, ele pavimenta o caminho. O Irã já provou várias vezes que não se pode confiar nele", destacou. "O regime iraniano representa uma grave ameaça, não apenas para Israel, mas também para a paz do mundo todo. Todos nós devemos agir juntos para impedir a marcha de conquista, subjugação e terror do Irã."
O discurso em tom acalorado foi proferido quando o secretário de Estado, John Kerry, está na Suíça justamente para discutir esse acordo com o ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif. Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Rússia e Alemanha tentam obter um acordo que congele o programa nuclear iraniano, em troca do fim de sanções econômicas.
Cerca de 50 deputados do Partido Democrata, o mesmo do presidente Barack Obama, se ausentaram do plenário durante a fala de Netanyahu. O discurso foi um dos mais polêmicos de um líder estrangeiro perante o Congresso em anos. O convite ao israelense, feito por legisladores republicanos, foi visto como uma provocação a Obama, que tenta obter uma solução para a questão nuclear iraniana pela via diplomática.
"Eu sei que o meu discurso foi alvo de muita controvérsia. Eu lamento profundamente que alguns percebam a minha presença aqui como política. Essa nunca foi a minha intenção. Quero agradecer a democratas e republicanos pelo apoio comum a Israel ao longo dos anos e das décadas. Nós estimamos muito tudo o que o presidente Obama fez por Israel", disse Netanyahu.
Mas, apesar do aceno ao presidente, o premiê israelense se posicionou claramente contra os esforços de Obama por uma solução diplomática. "Esse acordo não é um adeus às armas. Ele é um adeus ao controle das armas", afirmou, citando ameaças de autoridades iranianas ao Estado de Israel. "É um acordo ruim, muito ruim. Estamos melhor sem ele."
Netanyahu defendeu a linha dura contra o regime em Teerã. As sanções não devem ser retiradas, afirmou, a não ser que o Irã pare com as agressões aos países vizinhos, as ameaças a Israel e o apoio ao terrorismo. "Se o Irã quer ser tratado com um país normal, que haja como um país normal", disse. "O grande perigo encarando o nosso mundo é o casamento do islamismo militante com as armas nucleares."
O líder israelense também acusou o Irã de dominar os governos de Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. "Seguramente virão outros", advertiu. "Enquanto muitos esperam que o Irã se una à comunidade de nações, o Irã está ocupado em devorar as nações."
Esta foi a terceira vez que Netanyahu falou perante o Congresso dos Estados Unidos, um número só igualado pelo antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
AS/afp/ap/dpa/rtr